Dobra

44.00

Adília Lopes

Assírio & Alvim

2021 | 9789723721782 | 1016 pp.
Dobra reúne todos os livros de poesia de Adília Lopes. Como consequência, a nova edição que agora se apresenta foi ampliada e passa a incluir toda a obra poética publicada da autora, até fevereiro de 2021. Edição encadernada.
«A poesia de Adília Lopes é uma estação fundamental e singular no percurso da poesia portuguesa desde os anos 80. o seu grande triunfo consistiu em renunciar completamente ao lirismo e às suas tonalidades afectivas, mantendo uma densidade que advém da exploração linguística, em todos os níveis.»
(António Guerreiro, Expresso)
EXCERTOS
«HAVERÁ UMA BELEZA QUE NOS SALVE?»
«Não, não há uma beleza que nos salve. Só a bondade nos salva. E a bondade manifesta-se, por vezes, no meio da maior fealdade. Explico-me. Uma pessoa capaz de actos de bondade, uma pessoa com bom coração, pode ter uma cara que é considerada feia, pode vestir-se de uma maneira que é considerada pirosa, pode ter tido notas medíocres, pode ser um artista medíocre. Quando visitamos um museu com obras belíssimas, como o Louvre ou o Prado, podemo-nos esquecer de que as pessoas, os visitantes e os funcionários que estão lá connosco, são obras mais belas do que as mais belas obras expostas que andamos a ver. Um artista torturado pela beleza que consegue, ou que não consegue, dar ao que pinta e que se autodestrói está equivocado. Seria preferível deixar de pintar ou pintar obras medíocres. Como dizia o meu avô materno, que era médico, «mais vale burro vivo do que sábio morto».
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