Delirar a Anatomia – Partituras – Poemas de Ana Rita Teodoro | (Des)léxico para A.A. de Joana Levi

12.00

Ana Rita Teodoro e Joana Levi

Sistema Solar

2022 | 9789898833891 | 204 pp.
Delirar a Anatomia reestuda as partes do corpo, acumulando e entrelaçando visões díspares — poéticas exageradas, simplistas, descabidas, ignorantes e eruditas — para conceber um corpo que dança. Propõe um estudo que isola as diferentes partes (boca, pele, coração, joelho, esfenoide, nuca, intestinos, etc.) para tentar ver o corpo não como um todo — máquina útil —, mas como um ser de diversos, composto de plurissistemas. Para desviar o foco do eu-corpo-todo-potente ou do eu-corpo-que-me-mata, talvez se possa propor um corpo-plural composto de diversas potências.
[…]
Quando comecei a dançar, no início da década de 2000, o pensamento de Antonin Artaud e especificamente o texto «Corpo sem órgãos» desenvolvido por Deleuze e Guattari em Mil Planaltos estavam em voga no contexto da dança contemporânea. Coreógrafos, críticos e bailarinos evocavam constantemente este texto para atualizar (e por vezes justificar) os corpos presentes na dança, corpos que se afastaram da dança clássica e da dança moderna. Voltei a encontrar Artaud no meu interesse pelo Butô e, concretamente, em Hijikata Tatsumi, grande apaixonado pelo escritor, e que trabalhou na coreografia de um corpo virado do avesso, um corpo que fala desde as suas entranhas, e também um corpo que não-pertence — um corpo que não pertence aos cânones estéticos e sociais estipulados pela sociedade japonesa dos anos 60.
Delirar a Anatomia, como tantos outros projetos, está na continuidade dos processos e do corpo pensado por Artaud. Manifesta o desejo de virar o corpo do avesso e procurar na constituição física dos corpos um mundo livre, sensual e à medida de cada 1.
[Ana Rita Teodoro]
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