Ana Rita Alves Tigre de Papel 2021 | 9789895486151 | 170 pp. Partindo de uma revisão e análise críticas de (con)textos políticos, académicos e mediáticos, este livro procura compreender como se tem (re)construído historicamente a relação entre periferia, direito à habitação e raça/racismo no Portugal contemporâneo. Nas páginas deste livro encontrar-se-á, de certa forma, o início do fim do Programa Especial de Realojamento (PER), traduzido na dilaceração e na resistência de uma comunidade histórica, à altura maioritariamente negra, na cidade da Amadora: o bairro de Santa Filomena. E, se é verdade que a história de um lugar particular não possibilita narrar na totalidade um programa de âmbito nacional/metropolitano, com especificidades territoriais indiscutíveis, a história que aqui se reconta não deixa de ser paradigmática de como o Estado português tem pensado e gerido populações negras, Roma/ciganas e imigrantes empobrecidas no espaço urbano –, ilustrando racionalidades eurocêntricas que urge repensar.
Masanobu Fukuoka Via Óptima 2001 | 9789729360152 | 208 pp. "O agricultor tornou-se atarefado demais quando começámos a estudar o mundo e a decidir que seria bom fazer isto ou fazer aquilo. Toda a minha pesquisa se baseou em não fazer isto ou não fazer aquilo. Estes trinta anos ensinaram-me que os agricultores estariam numa situação bem melhor se não fizessem praticamente nada." Nesta obra, além de descrever a agricultura selvagem em si, Fukuoka relata os acontecimentos que o levaram a desenvolver o seu método e o impacto deste na terra, em si próprio e nas pessoas a quem o ensinou, explicando a razão que o leva a acreditar que ele oferece um modelo de sociedade prático e estável baseado na simplicidade e na permanência. Partindo do princípio de que curar a terra e purificar o espírito humano são a mesma coisa, "A Revolução de Uma Palha" tem por objectivo mudar as nossas atitudes para com a Natureza, a agricultura, a alimentação…
Tomás Maia Documenta 2022 | 9789895680139 | 240 pp. Na era do capital fictício é a própria ficção que é capital e que é o capital. Eis por que razão a arte — pela primeira vez na sua história — está a ser destruída no seu ser: o conceito operante do capitalismo financeiro é o mesmo pelo qual a arte se deixou pensar ao longo do seu percurso milenar: em grego, mimesis, em latim, fictio. «Arte contemporânea e capitalismo financeiro: se a primeira das duas designações tomará apenas o significado de índice histórico (pois interrogá-la em si mesma motivaria um outro livro), já a segunda será objecto de um prolongado exame (religioso e metafísico). Com efeito, trata-se sobretudo de tornar inteligível o modo como, na era contemporânea da história da arte (sobretudo a partir dos anos setenta do século passado), a criação artística começou a comprometer-se com a financeirização da economia (e o predomínio da finança coincide, precisamente, com o advento da…
Geoffroy de Lagasnerie BCF 2022 | 9789895339815 | 84 pp. «E se precisássemos de nos apoiar em princípios completamente diferentes para pensar a sexualidade e a luta contra as violências sexuais nos dias de hoje? É o que nos propõe Geoffroy de Lagasnerie neste texto que tem por objectivo transformar o espaço de discussão sobre as principais questões da política da sexualidade: a dominação, o consentimento, as zonas cinzentas, a influência, a impunidade, a perspectiva das vítimas. Um livro que lança as bases de uma concepção renovada, pluralista, libertadora e não repressiva do corpo, do desejo e da lei.»*O livro é a versão desenvolvida de uma conferência proferida por ocasião de colóquio «Édouard Louis: Escrever a violência», ocorrido na Cidade Universitária de Paris, a 19 de Junho de 2021.
Autores deste número: Amanda Booth, Agustín García Calvo, Charles Reeve, Corsino Vela, Eloy Santos, Erick Corrêa, Fernando Gonçalves, Francisco Norega, Gary Snyder, Jan Zwicky, Joëlle Ghazarian, Jorge Leandro Rosa, José Janela, Júlio do Carmo Gomes, Lina Kostenko, Luciano Moreira, Luísa Assis, M. Ricardo de Sousa, Manuel Rodrigues, Maria Manuel Restivo, Mauricio Centurion, Michael S. Harper, Miguel Brieva, Nik Holliman, Pedro Morais, Quim Sirera - Apesar da proximidade temporal com as barbaridades bélicas (a Guerra dos Balcãs foi há apenas trinta anos), a guerra parecia ter desaparecido do nosso horizonte, «orientada» para paragens mais distantes. Mas o ciclo infernal das desmesuras europeias voltou à carga, não lhe sendo estranho o insistente expansionismo para leste do capital ocidental, que pretende manter a sua hegemonia, a começar pela do poderio militar-nuclear. O n.º 9 da Flauta de Luz abre com três artigos sobre a guerra na Ucrânia, procurando situar as estranhezas que configuram o mais recente conflito europeu, terrível indicador do grau de impossíveis atingido…
Gilles Deleuze Barco Bêbado 2022 | 193 pp. Ora, Proust e os Signos, na sua durée bergsoniana, na sua duração de pensamento e expressão escrita , mais do que uma não-eucronia, oferece-nos a imanência da ontologia deleuziana, isto é, o indivíduo que escreve e afirma o seu pensamento não de uma forma lógica mas como construção de um documento sensível (plano de composição da arte ou plano da imanência da filosofia), um objecto temporal (no sentido da duração da produção sensível - poética - e da fruição - estética - de uma obra de arte) que, pela sua própria metamorfose estilística e pela sua criação conceptual, afirma o pensamento, Luís Lima.
Paul Mason Objectiva 2022 | 9789897845079 | 392 pp. Do autor de Pós-Capitalismo e Um Futuro Livre e Radioso, um manual para resistir coletivamente ao avanço da extrema-direita. Num momento de tensão geopolítica e de incerteza económica global, uma ideia transforma-se em evidência: o fascismo não é uma coisa do passado. À medida que a situação da Humanidade se agrava, os movimentos de extrema-direita ganham força, como um pesadelo coletivo recorrente. Para combater este sistema, temos de compreender o seu percurso, as suas raízes psicológicas na sociedade, a teoria política que lhe dá forma e as condições que o permitem. Acima de tudo, diz Mason, temos de entender o fascismo como um sintoma do inquestionável falhanço do capitalismo. Em Como Travar o Fascismo, Paul Mason, jornalista, professor universitário e ativista britânico, conta a história deste fenómeno político, faz um retrato arrepiante do seu movimento contemporâneo e traça um plano radical e otimista para derrotar a extrema-direita no século XXI. Das cinzas de…
bell hooks Orfeu Negro 2018 | 9789898868343 | 320 pp. "Nenhum outro grupo na América teve a sua identidade tão rasurada da sociedade quanto as negras. Raramente nos reconhecem como grupo autónomo e distinto dos negros, ou como parte integrante, nesta cultura, do grupo alargado de mulheres. Quando se fala de gentes negras, o sexismo opõe-se ao reconhecimento dos interesses das mulheres negras; quando se fala de mulheres, o racismo opõe-se ao reconhecimento dos interesses das mulheres negras. Quando se fala de gentes negras, a atenção tende a recair nos homens negros; quando se fala de mulheres, a atenção tende a recair nas mulheres brancas." bell hooks
Hannah Arendt e Giorgio Agamben Antígona 2021 | 9789726084051 | 72 pp. Um diálogo entre décadas e fronteiras, tão central no pensamento dos dois autores como urgente à luz dos muros e arames farpados que se erguem diante dos nossos olhos. Em 1943, em fuga da Alemanha nazi e exilada nos Estados Unidos, Hannah Arendt escrevia, na língua do país que a acolhera, o ensaio Nós, Refugiados, publicado na revista judaica The Menorah Journal. Nele abordava a crise de identidade do povo judeu, problematizando a condição do refugiado e as alardeadas virtudes da sua assimilação. Meio século depois, em Para Lá dos Direitos do Homem, publicado inicialmente no jornal Libération, Giorgio Agamben dialogava com o texto de Arendt para reflectir sobre o embaraço político e o próprio significado da figura do refugiado. no presente volume recupera-se este diálogo entre décadas e fronteiras, tão central no pensamento dos dois autores como urgente à luz dos muros e arames farpados que se erguem.
Peter Sloterdijk Relógio d'Água 2022 | 9789897832291 | 96 pp. Em que tempo vivemos quando as fake news perturbam até os políticos mais experimentados, os eleitores aceitam a incompetência e a mentira é transformada em verdade oficial por vários governos? Os ensaios reunidos neste livro abordam temas atuais, a emigração, o avanço dos populismos e da sua visão simplista do mundo, os meios de comunicação, a linguagem e a coesão social. O mais importante filósofo europeu atual desvenda o funcionamento das modernas sociedades capitalistas, discutindo o senso comum e as ideias preestabelecidas.
Pierre-Thomas-Nicolas Hurtaut Orfeu Negro 2010 | 9789898327093 | 108 pp. Incrédulo, o leitor interrogar-se-á: mas então, dar peidos também é uma arte? Se a pergunta o atormentar, irá encontrar a resposta neste pequeno ensaio teórico-físico do séc. XVIII. Clássico da literatura cómica, escatológica e pseudocientífica, A ARTE DE DAR PEIDOS confirma-nos que o peido é uma necessidade da natureza, uma condição de boa saúde, que pode e deve ser assumida como uma fonte de prazer. E até de arte, pois dar peidos não custa, custa é saber dá-los.
Anselm Jappe Antígona 2022 | 9789726084075 | 168 pp. Partindo do episódio da queda da Ponte Morandi, em Génova, em 2018, como caso exemplar da obsolescência programada, Anselm Jappe desenvolve a premissa de que o betão — um dos materiais de construção mais utilizados no planeta, produzido em quantidades astronómicas e com irreversíveis consequências sanitárias e ambientais — encarna por excelência a lógica desmesurada, descartável e destrutiva do capitalismo. Ensaio que associa a crítica do valor à crítica da arquitectura e do urbanismo contemporâneos, rememorando o historial problemático deste material — das intenções dos seus entusiastas às reservas dos seus detractores, da sua expansão durante a Revolução Industrial ao declínio de técnicas sustentáveis e ancestrais —, Betão (2020) é um protesto contra a uniformização económica, social e estética do mundo, uma recusa da habitação como activo rentável e um alerta para as insidiosas leis da mercadoria e do crescimento infinito.
Niels Christian Geelmuyden Casa das Letras 2022 | 9789896613969 | 320 pp. Cada vez mais casais não conseguem ter filhos ou lutam para conseguir tê-los. A fertilidade está em declínio em todo o mundo. O que até nos pode fazer pensar que está tudo bem, por já sermos muitos a habitar a Terra, mas o problema é que homens com esperma pobre também têm vidas mais curtas e sofrem mais doenças e problemas de saúde do que os homens com esperma saudável. É um problema que não afeta apenas os casais diretamente, mas sim, de uma forma ou outra, todas as pessoas, uma vez que a mesma tendência foi detetada em peixes, anfíbios, insetos, aves, répteis e mamíferos. Qual será a causa desse declínio na reprodutividade? Haverá alguma coisa que possamos fazer para reverter esta tendência? Ou poderá este fenómeno pura e simplesmente causar a extinção da humanidade e de outras formas de vida? Neste livro pejado de factos inéditos e terrivelmente…
José Cutileiro D. Quixote 2022 | 9789722073202 | 816 pp. As melhores crónicas do autor de culto Podia Ter Sido Pior reúne os melhores trabalhos de José Cutileiro publicados na imprensa ao longo de 67 anos. Nesta antologia o leitor encontra uma selecção dos mais bem conseguidos Bilhetes de Colares, diversos obituários publicados originalmente na célebre coluna In Memoriam do jornal Expresso, alguns dos mais influentes textos de Antropologia, e comentários de política internacional muito actuais. Enriquecido com um prefácio de Marcelo Rebelo de Sousa e uma nota de Myriam Sochacki-Cutileiro, Podia Ter Sido Pior mostra a relevância, frescura e erudição de um dos cronistas mais bem sucedidos do Portugal contemporâneo. «José Cutileiro, que eu primeiro conheci quando estudava em Oxford, era verdadeiramente original. Um homem de grande cultura, sentia-se confortável nos mundos da diplomacia e das organizações internacionais. O fascínio que tinha pelos semelhantes humanos, suas culturas e interacções, e o talento para as maravilhosas observações incisivas, fizeram com que fosse…
Tomás Ibáñez Barricada de Livros 2022 | 279 pp. Tradução de Andreia Tatoni, Carlos Jacques, Carlos Nuno, Caterina Casarosa, Mário Rui Pinto. Projecto gráfico de Ana Paula Pais «Tomáz Ibáñez (Zaragoza, 1944) vive com os ideais libertários como guia. Filho do exílio em França, começou as suas andanças políticas nos grupos juvenis anarquistas franceses e de jovens exilados espanhóis. Desde o início dos anos 60 até inícios dos anos 80 centrou as suas energias na construção de organizações libertárias, na luta antifranquista e na reconstrução da CNT em 1976.» in https://colectivolibertarioevora.wordpress.com/2015/01/30/entrevista-tomas-ibanez-nunca-se-toma-o-poder-e-sempre-o-poder-que-nos-toma/
Henry Kissinger, Eric Schmidt, Daniel Huttenlocher D. Quixote 2021 |9789722073400| 240 pp. Três dos mais reputados e estimulantes pensadores da atualidade refletem sobre a Inteligência Artificial, as transformações que está a provocar na sociedade e o que isso significa para todos nós. Uma Inteligência Artificial (IA) aprendeu a ganhar partidas de xadrez escolhendo jogadas que os grandes mestres nunca tinham considerado. Outra IA descobriu um antibiótico novo ao analisar propriedades moleculares que os cientistas não compreendiam. Aviões a jato manobrados por IA conseguiram derrotar pilotos experientes em combates simulados. A IA está a entrar nos motores de busca online, no streaming, na medicina, na educação e em muitos outros domínios, e, ao fazê-lo, está a alterar a forma como os humanos experienciam a realidade. Em A Era da Inteligência Artificial, Kissinger, Schmidt e Huttenlocher revelam o impacto da IA no conhecimento, na política e nas sociedades em que vivemos, e apresentam-nos a uma era marcada pela coabitação entre humanos e a IA…
Raphaël Glucksmann Guerra & Paz 2022 | 9789897027086 | 159 pp. «Catástrofe climática? Inexorável! Extinção da biodiversidade? Irremediável! Globalização financeira, deslocalizações, explosão das desigualdades? Fatal! Declínio das democracias, erosão dos direitos, crescimento dos ódios? Irreversível! Todos vos dizem que é assim, que nada podem fazer. Então para quê lutar, agir, sonhar?» Numa carta aberta apaixonada e cheia de esperança, o ensaísta, realizador e eurodeputado Raphaël Glucksmann exorta os jovens a enfrentar os desafios da sociedade actual, lutando contra os fatalismos. Não se resignem. Ser jovem hoje é ter na mão o poder de pertencer à geração que vai mudar tudo. «A indiferença e a resignação são mortíferas. Não se desinteressem pelo vosso futuro. Não se resignem. Não se tornem cínicos antes de terem experimentado o idealismo. Não sejam velhos antes de serem jovens. Tenho um só objectivo na política: devolver à democracia a sua juventude perdida, a sua força e a sua beleza. Para isso, são vocês a chave, a única chave.…
Paulo Nogueira Guerra & Paz 2022 | 9789897027109 | 207 pp. Vivemos tempos perigosos. Uma das principais armas das guerras culturais do século XXI é o cancelamento: a obliteração do interlocutor, a mordaça digital. Na realidade virtual, o linchamento é electrónico – na realidade física, pode descambar em execução biológica. Para tanto, nem é preciso cometer o pecado da blasfémia escandalosa. Para disparar retaliações fanáticas, basta professar o que até ontem eram singelos truísmos e tautologias, como «as mulheres menstruam». Será hoje a liberdade de expressão um luxo sibarita dos que podem falar o que lhes dá na cabeça – isto é, uma ínfima elite, aliás em extinção? Mas, nesse caso, ainda prestará para alguma coisa? Como chegámos aqui? Para que serve afinal o raio da liberdade de expressão? Ela alguma vez realmente existiu? É humanamente possível ou não passa de uma confortável ilusão? Quem nunca, em algum momento, odiou algo ou alguém?
Michel Desmurget Contraponto 2021 | 9789896663117 | 368 pp. Estamos a viver uma situação muitíssimo preocupante. O autor deste livro afirmou, numa entrevista à BBC que se tornou viral, que os nativos digitais são os primeiros filhos a terem um QI inferior ao dos pais. Após milhares de anos de evolução, o ser humano está agora a regredir em termos cognitivos e de capacidades intelectuais — por culpa da exposição excessiva a ecrãs. O tempo que as novas gerações passam a interagir com smartphones, tablets, computadores e televisão é elevadíssimo. Aos 2 anos, as crianças dos países ocidentais consagram todos os dias quase três horas a ecrãs. Entre os 8 e os 12 anos, esse tempo aumenta para cerca de quatro horas e quarenta e cinco minutos. Entre os 13 e os 18, a exposição é em média de seis horas e quarenta e cinco minutos diários. Em termos anuais, são cerca de mil horas para um aluno do 1.º ciclo do…
Oscar Wilde Guerra & Paz 2022 | 978-989-702-706-2 | 128 pp. Esta Intransigente Defesa da Arte é um esplêndido documento histórico e é um manifesto de intransigente defesa da independência da arte, permitindo aos leitores «ouvir» as reais palavras de Wilde no seu mais articulado e brilhante discurso, que faz de um texto que se presumiria perdido nos meandros da lei uma peça da mais sublime estética.