Andrei Tarkovski Sr Teste 2024 | 9786120018460 | 357 pp. Neste livro é revelado o caminho íntimo do cineasta Andrei Tarkovski, que deu origem à sua obra. Partindo da visão cinematográfica para uma visão ética e comunitária do mundo.
Maria Filomena Mónica Relógio d'Água 2024 | 9789897834691 | 208 pp. «Em Dezembro de 1991, tinha eu 48 anos, dei uma entrevista à Marie Claire, uma revista que organizara um número sob o título “O Charme das Mulheres de 50 Anos”. Relendo o que disse, o que surpreende é o meu optimismo. É verdade que já então descobrira não ser imortal, o primeiro sinal de envelhecimento, ou, se preferirem, de sabedoria, mas declarava, com ar pimpão, que ter cinquenta anos era a melhor coisa do mundo. O único facto que lamentava era não poder registar, numa agenda, a data e a hora da minha morte.»
Documenta 2024 | 9789895681259 | 592 pp. «Diante do crescente interesse pela obra desta autora e pelos convites ao pensamento crítico que esta lança a diversos campos de saber, parece não ser de todo ousado falarmos do estabelecimento de um campo chamado Estudos adilianos. No seguimento do Colóquio Internacional Por el barrio de Adília Lopes, a revista eLyra dedicou um número especial à autora, com o título Adília Lopes: o visível e o invisível. Em 2021, o segundo Colóquio Internacional dedicado à obra de Adília Lopes teve lugar na Universidade de Vigo, com o título Estar em casa com Adília Lopes: do privado ao político, organizado por Burghard Baltrusch, Lúcia Evangelista, Joana Meirim, Bruno Ministro e Antía Monteagudo, no contexto do projecto de investigação POEPOLIT II. Em 2023, teve lugar na Biblioteca Nacional de Portugal e no Agrupamento de Escolas Gil Vicente o Colóquio Ir à escola com a Adília, organizado por Joana Meirim, Diana Duarte, Lúcia Evangelista e Sara Leite, no âmbito da linha de investigação Literatura e…
Lev Tolstói Gradiva 2024 | 9789897853227 | 256 pp. A obra de Tolstói como autor de romances dispensa apresentações. Porém, o escritor russo foi muito mais do que um grande romancista, dedicando a parte final da sua vida ao ensaísmo filosófico. O Que é a Arte? é talvez o ponto mais alto da reflexão filosófica de Tolstói, tendo levado cerca de quinze anos a escrever, o que mostra a importância que o próprio autor dava ao tema em causa. Como ele mesmo refere, a arte é uma coisa séria. Não é uma mera questão de beleza e ainda menos de divertimento ou de obtenção de prazer. A arte autêntica é acessível a todos e define-se, segundo Tolstói, pela sua capacidade de comunicar sentimentos que contribuam para a união das pessoas e para o aperfeiçoamento moral de toda a comunidade. Estas são as bases da teoria da arte que veio a ser conhecida como «teoria da expressão», assente numa definição funcionalista da arte.…
Vários Autores Colibri 2024 | 9789895661176 | 340 pp. BEIRA[S]. Dos baixios litorais à suprema altitude interior. A(s) Beira(s) do tesouro botânico da Mata da Margaraça, dos esteiros navegáveis da laguna de Aveiro, das areias da Gândara; da economia do granito e do xisto, dos vinhos e frutos da Cova da Beira, da fortuna hídrica que resiste ao novo tempo. O centro de Portugal continental tem no Mondego o seu “fulcro” e “pulsa-lhe o coração” na imensidade rochosa da lã e da neve. E uma teia de ressonâncias desse ambiente biofísico e humano permeia o acervo de títulos da ficção literária portuguesa. Que valor tem a nossa literatura ficcional enquanto celeiro imaterial da memória das Beiras? Que imagens desse património nos legaram os escritores nos seus romances, contos e novelas? Como podem as suas páginas acender a consciência ecológica, geográfica e climática nos leitores de hoje? As investigadoras Ana Cristina Carvalho (Universidade Nova de Lisboa) e Cristina Costa Vieira (Universidade da Beira…
Saguenail Contracapa 2024 | 148 pp. “Em ‘Foldulogia Oto-ocular’, Saguenail vê o cinema (e os filmes) num momento de impasse, onde as redefinições digitais da receção põem em causa a função do cinema enquanto agregador e transfigurador social. Como ser um verdadeiro espectador e não apenas um consumidor de imagens? Como ser um verdadeiro cinéfilo e não um mero replicador publicitário? Como ver o cinema enquanto expressão artística e não como vã acumulação informativa? Como encarar o cinema enquanto força disruptiva e revolucionária e não como mais uma manifestação da cultura de massas? Como fazer de cada elemento do público um crítico? E de cada projeção uma reunião? E de cada filme uma obra participativa e aberta?”
Silvina Rodrigues Lopes Língua Morta 2023 | 9786120014813 | 236 pp. Reunião de ensaios, literários e artísticos, de Silvina Rodrigues Lopes, onde se colocam problemas centrais, como a relação entre ficção e testemunho, irredutibilidade do artifício à técnica nele implicada, valor e avaliação.
Linda Nochlin VS. Editor 2023 | 9789899105188 | 134 pp. «É quando se começa realmente a pensar no que implica a pergunta “Porque não houve grandes mulheres artistas?” que se começa a perceber até que ponto a nossa consciência de como as coisas estão no mundo foi condicionada - e muitas vezes falsificada - pela forma como as questões mais relevantes são colocadas. Temos tendência a considerar como certo que existe realmente um Problema do Leste Asiático, um Problema da Pobreza, um Problema dos Negros - e um Problema da Mulher. Mas primeiro, temos de nos perguntar quem está a formular estas “perguntas”, e depois, que propósitos podem servir essas formulações.»
Salvador Dalí Sr Teste Edições 2023, 238 pp. Estes escritos de Dalí negam a ideia de vida e obra, afirmando a vida como obra. Da relação excessiva e vertiginosa com o Divino, à desconfiança em relação ao Surrealismo, do constante Olé em homenagem a Lorca ao amor filial a Picasso.
Max Jacob Sr Teste Edições 2023, 70 pp. Tendo como premissa um encontro com um jovem poeta em formação, Max Jacob anota num pequeno caderno uma série de conselhos e respostas a algumas dúvidas a ele apresentadas. Também ele próximo do Surrealismo e Dada, congregou em si facetas consideradas dispares: artisticamente livre e experimental, austero e contido.
Pascal Quignard Sr Teste Edições 2023, 144 pp. Esta obra celebra o leitor e a leitura como exercício íntimo e infinito. Este livro/catálogo resulta do convite feito pelo Centro Cultural Vila Flor para a concepção e curadoria da exposição “A Prática do Infinito Pela Leitura”, congregando 31 artistas plásticos sob o denominador incomum que é a leitura. Esta exposição tem lugar no Palácio Vila Flor, em Guimarães, de 25 de Março a 3 de Junho de 2023.
José Medeiros Ferreira Shantarin 2023 | 9789899156142 | 248 pp. A 25 de abril de 1974, um grupo de militares portugueses derrubou uma das últimas ditaduras da Europa ocidental do séc. XX e apresentou-se ao País com um programa político assente em três pilares: Democratizar, Descolonizar e Desenvolver. Aquela que ficou conhecida como a Revolução dos Cravos inaugurava a terceira vaga da democratização (Samuel P. Huntington), que depois atingiu a Espanha, a Grécia e dezenas de outros países na América Latina, na Ásia e Pacífico, em África e na Europa de Leste. Um ano antes, em Abril de 1973, fora apresentada ao 3.o Congresso da Oposição Democrática em Aveiro uma tese que José Medeiros Ferreira enviara do exílio na Suíça. Na referida tese, recebida com desconfiança por vários setores da Oposição, mas que viria a revelar-se premonitória, o autor sublinhava a necessidade de envolvimento das Forças Armadas, primeiro, para pôr termo à ditadura e à guerra nas colónias africanas, e depois para…
Voltaire Antígona 2023 | 9789726084365 | 222 pp. Este tratado (1763) constitui porventura um dos escritos mais significativos do combate que, sobretudo a partir de finais da década de 50 do século XVIII, Voltaire desenvolve contra o conservadorismo mais radical, o espírito de intolerância religiosa que lhe anda associado e as estruturas judiciais mais arcaicas do Antigo Regime. Tomando a defesa da família Calas, perseguida com a maior crueldade pelas autoridades de Toulouse, Voltaire empenha-se pessoalmente no processo de revisão da sentença que levara Jean Calas ao patíbulo e acaba por redigir um volume cujo alcance excede em muito as circunstâncias que o motivam. Clássico da literatura sobre este tema, a par dos escritos de Pierre Bayle e de John Locke, este Tratado Sobre a Tolerância comporta pelo menos um aspecto que o torna actual no nosso tempo: é que o autor dirige o seu combate contra formas concretas de exercício do poder judicial e contra a promiscuidade entre a ideologia e os…
Grégoire Chamayou Antígona 2023 | 9789726084303 | 224 pp. Estreia em Portugal de um dos mais brilhantes pensadores franceses contemporâneos, As Caças ao Homem (2010) traça a evolução desta forma de violência imemorial e sistemática no Ocidente: das capturas na Grécia Antiga à actual perseguição de imigrantes ditos ilegais na Europa. Esta prática concreta – que visou ciganos e indigentes na Idade Média, abarcou a escravatura, ataques a nativos do Novo Mundo e o confinamento e extermínio de hereges e judeus ao longo dos tempos – suscitou, ao invés do silêncio, discursos de legitimação dos perpetradores e dos seus aliados. Nesta «história filosófica das teorias da caça ao homem», Grégoire Chamayou aponta uma matriz comum às históricas relações de predação e às lógicas de exclusão e xenofobia na contemporaneidade, expondo, em suma, a persistência da barbárie.
2023 | 21839948 | 352 pp. Entre uma visão crítica do expansionismo tecnológico e a abordagem das culturas vernaculares contemporâneas, esta revista procura uma síntese entre o «moderno» e o «primitivo». Neste número – além do grande questionamento da guerra prosseguido por Jorge Leandro Rosa e da Grande Deserção em marcha documentada por Gaspard d’Allens – começamos a prestar mais atenção ao mundo desertificado reduzido a paisagem para exploração turística ou para insano incremento do extractivismo. Nas circunstâncias criadas pela pandemia, os espaços rurais, em todo o mundo, passaram a ser encarados com outros olhos pelos citadinos, que aos milhares se lançaram em novas migrações, juntando-se aos neo-rurais e ampliando as tensões aceleradas pelo desenvolvimento do capitalismo. Em lateral consonância com estas novas ocupações do mundo físico disponível, outras abordagens procuram ir ao cerne daquilo que hoje dá substância demencial ao modus vivendi dominante: o canibalismo pós-civilizacional analisado por Günther Anders, as ruínas nucleares em ascensão (Jaume Valentines-Álvarez), a voz do povo…
Judith Butler Orfeu Negro 2023 | 9789899071711 | 392 pp. Obra fulcral na renovação dos estudos de género, CORPOS QUE CONTAM propõe uma abrangente reformulação crítica em torno da materialidade dos corpos. Aprofundando a reflexão iniciada em Problemas de Género, Judith Butler demonstra como operam as relações de poder na formação do «sexo» e da sua «materialidade», e clarifica a noção de performatividade, não como «acto» singular ou deliberado, mas prática na qual o discurso produz os efeitos que nomeia. A partir de leituras de diversas tradições escritas, da filosofia à psicanálise, da literatura ao filme documental, da teoria política e sexual à democracia radical, Butler investiga o funcionamento da hegemonia heterossexual no forjar de matérias sexuais e políticas, esbatendo decisivamente as fronteiras entre a teoria queer e o feminismo.
bell hooks Orfeu Negro 2023 | 9789899071759 | 280 pp. TUDO DO AMOR, ensaio marcadamente pessoal e uma das obras mais populares de bell hooks, indaga o significado do amor na cultura ocidental, empenhando-se em desconstruir lugares-comuns e representações que mascaram relações de poder e de dominação. Contrariando o pensamento corrente, que tantas vezes julga o amor como fraqueza ou atributo do que não é racional, bell hooks defende que, mais do que um sentimento, o amor é uma acção poderosa, capaz de transformar o cinismo, o materialismo e a ganância que norteiam as sociedades contemporâneas. Tudo do Amor propõe uma outra visão do mundo sob uma nova ética amorosa, determinada a edificar uma sociedade verdadeiramente igualitária, honesta e comprometida com o bem-estar colectivo.
Byung-Chul Han Relógio d'Água 2023 | 9789897833298 | 120 pp. Aquilo a que hoje chamamos crescimento é na verdade uma excrescência, uma proliferação cancerosa que destrói o organismo social. Essas excrescências metastizam-se com uma vitalidade inexplicável. A certa altura, esse crescimento já não é produtivo, mas destrutivo. Há muito que o capitalismo ultrapassou este ponto crítico. As suas forças destrutivas produzem não apenas catástrofes ecológicas ou sociais, mas também mentais. Os efeitos devastadores do capitalismo sugerem a existência de um instinto de morte. Depois de inicialmente Sigmund Freud ter introduzido o conceito de instinto de morte de forma hesitante, confessou que «não poderia pensar de outra forma», porque a ideia ganhara poder sobre ele. Pensar hoje no capitalismo é impossível sem considerar o instinto de morte.
Johann Chapoutot Antígona 2023 | 9789726084310 | 160 pp. Embora a gestão tenha uma história que antecede o nazismo, foi apreciavelmente enriquecida durante os doze anos de domínio do Terceiro Reich, ao ponto de certos conceitos típicos do actual discurso gestionário neoliberal - «flexibilidade», «performance», «colaborador», «objectivos», etc. - se encontrarem já entre as inovações teóricas e práticas da Menschenführung («direcção dos homens») no horror do nacional-socialismo. Livres de Obedecer (2020) debruça-se sobre o contexto histórico e intelectual que estimulou o desenvolvimento das ideias e experiências nazis no domínio da gestão e narra a concomitante ascensão de alguns dos seus sombrios protagonistas, com destaque para Reinhard Höhn, jurista, historiador militar e general das SS, que após a guerra, numa perturbante continuidade ideológica, soube habilmente reconverter-se em fundador da Academia de Quadros de Bad Harzburg - uma prestigiada escola de gestão da RFA –, em guru do modelo de «delegação de responsabilidades» e autor de best-sellers da bibliografia empresarial. Neste breve e polémico…
Angela Davis Orfeu Negro 2023 | 9789899071629 | 348 pp. MULHERES, RAÇA E CLASSE, obra essencial e revolucionária, permanece uma reflexão obrigatória dos estudos feministas. Angela Davis reconstitui a história dos movimentos pelos direitos das mulheres nos Estados Unidos, dos dias do abolicionismo aos nossos tempos, demonstrando como o racismo sistémico e o poder económico e político das elites influenciaram o feminismo, inviabilizando assim todas as ambições colectivas de igualdade. Ao longo de treze ensaios, Davis expõe as relações de convergência e causalidade entre o género, a raça e a classe, tornando evidente que só ao unir as lutas feminista e anti-racista se pode romper com a cadeia de opressões que estruturam as relações sociais e conceber um novo modelo de sociedade.
Jorge Carrión Quetzal 2023 | 9789897228520 | 256 pp. Enquanto a Amazon conquista espaços na nossa vida, Jorge Carrión, o autor de Livrarias, publicado pela Quetzal em 2017, visita bibliotecas (reais e imaginárias) e livrarias em todo o mundo e insiste no valor do livro e da sua proximidade como pilares da nossa educação sentimental e intelectual. Neste livro-manifesto, Carrión defende a figura do livreiro e da livraria contra o mundo impessoal da livraria global e algorítmica, ao mesmo tempo que entrevista Alberto Manguel em Buenos Aires, evoca Borges, caminha ao lado de Iain Sinclair em Londres, desvenda os segredos das bibliotecas imaginárias (a de Babel, a de Dom Quixote e a do Nautilus), mostra como as livrarias de Tóquio se reinventam, fala dos livros como instrumento de consolação diante da angústia da internet - e de como a pandemia da Covid-19 passou pelas livrarias de Lisboa. Com textos especialmente preparados para a edição portuguesa, Contra a Amazon estabelece a leitura como…
Marguerite Duras Sr. Teste 2023 | 149 pp. Um conto e um ensaio da escritora e cineasta francesa. Tradução de Marta Vasconcelos. Imagens de Sebastião Castelo Lopes.
Byung-Chul Han Relógio d'Água 2023 | 9789897833045 | 112 pp. Uma alternativa inspiradora ao conceito de vita activa, de Hannah Arendt, tal como surge em A Condição Humana. A capacidade de inatividade está completamente perdida. A inatividade não é uma negação, não é uma recusa, não é uma mera ausência de atividade, mas uma capacidade independente. Byung-Chul Han traça as potencialidades, o esplendor e a magia da ociosidade e projeta um novo modo de vida.
Martin Latham Edições 70 2023 | 9789724426105 | 354 pp. LIVRO DO ANO 2020 PARA O SPECTATOR E PARA O EVENING STANDARD «Uma alegria. Cada capítulo tornou-se instantaneamente o meu favorito.» David Mitchell, autor de Atlas das Nuvens Esta é a história da nossa relação amorosa com os livros, quer os organizemos nas nossas prateleiras, inalemos o seu cheiro, rabisquemos nas suas margens ou apenas nos enrosquemos com eles na cama. Levando-nos numa viagem através de leituras de conforto, bancas de livros de rua, bibliotecas míticas, vendedores ambulantes, panfletos radicais, clientes de livraria extraordinários e colecionadores fanáticos, o livreiro Martin Latham revela a curiosa história da nossa - e da sua - obsessão pelos livros. Em parte história cultural, em parte carta de amor aos livros e em parte memórias relutantes, estas são as crónicas de um livreiro que honra o seu ofício.
Roberto Calasso Edições 70 2023 | 9789724426563 | 132 pp. «Organizar uma biblioteca é um tema altamente metafísico.» Aqueles que tentam pôr os seus livros em ordem devem ao mesmo tempo reconhecer e modificar uma boa parte da sua paisagem mental. Esta é uma tarefa delicada, cheia de surpresas e descobertas, mas sem uma solução. Muitos já o experimentaram, desde o estudioso do século XVII Gabriel Naudé até Aby Warburg. Vários episódios são aqui relatados, misturados com fragmentos de uma autobiografia involuntária. Segue-se um perfil do breve momento em que certas revistas, entre 1920 e 1940, atuaram como polinizadores da literatura, e uma crónica do emblemático nascimento da recensão, quando Madame de Sablé se viu na situação embaraçosa de dar publicamente conta das Máximas do seu querido e sensível amigo La Rochefoucauld. Por fim, o tema da arrumação reaparece no último ensaio desta coletânea, desta vez aplicado às livrarias de hoje, para as quais é uma questão vital e quotidiana.
Emanuele Coccia Documenta 2019 | 9789898902610 | 228 pp. Entre os catorze e os dezanove anos, fui educado num liceu agrícola da província, isolado nos campos da Itália central. Estava lá para aprender um «verdadeiro ofício». Desse modo, em vez de me consagrar ao estudo das línguas clássicas, da literatura, da história e das matemáticas, como faziam todos os meus amigos, passei a minha adolescência mergulhado em livros de botânica, de patologia vegetal, de química agrária, de cultura hortícola e de entomologia. As plantas, as suas necessidades e doenças, eram o objecto privilegiado de todo o estudo nessa escola. Esta exposição quotidiana e prolongada a seres que estavam, inicialmente, tão distantes de mim marcou de forma definitiva a minha visão do mundo. Este livro é a tentativa de ressuscitar as ideias nascidas nesses cinco anos de contemplação da sua natureza, do seu silêncio, da sua aparente indiferença a tudo o que chamamos cultura. […] A planta encarna o laço mais estreito e…
João Barrento Edições do Saguão 2022 | 9789895329151 | 352 pp. «Nos ensaios que compõem este volume, o leitor – tal como eu próprio, ao escrevê-los – encontra-se sempre com Walter Benjamin em espaços nos quais o pensamento se demora em zonas de passagem, limiares que, espera-se, permitirão vislumbrar alguns núcleos importantes da sua Obra. No movimento de um pensamento como o de Benjamin – que, de facto, é móvel e move, é enigmático e luminoso – é sempre mais significativa a deambulação por essas zonas de abertura do que a passagem da linha de fronteira que delimita problemas, com a pretensão de chegar à sua solução e fixação. Benjamin e o seu método de pensar participam em alto grau da natureza do que é a um tempo oblíquo e transparente, configurando-se num modo de pensamento essencialmente prismático. Prismas poderia também ter sido o título deste livro, se Adorno o não tivesse já dado a um dos seus. Os ensaios que aqui…
Johann Wolfgang Goethe Edições do Saguão 2022 | 9789895329144 | 164 pp. «O ensaio sobre a metamorfose das plantas é uma obra cuja trama se constrói sobre as inúmeras observações realizadas por Goethe em torno do crescimento das plantas, apontando para a determinação das leis da sua formação e transformação. Esse propósito é concretizado pelo dar conta das constâncias visíveis nesse crescimento, expressas na dinâmica expansiva e contractiva que caracteriza o espaço do próprio crescimento, dotando-o de uma figura identificável. Dos seus parágrafos é necessário reter, em primeiro lugar, que a reprodução (a produção do semelhante) é o alvo, o grande objectivo do processo de crescimento […]; na base desta ordenação temporal sucessiva encontram-se dois grandes ritmos polares: o de contracção e o de expansão. Deparamos aqui com uma das versões do tema da economia da natureza integrada em questões de constituição de uma teoria morfológica. […] Em segundo lugar, concluímos que o processo de crescimento e o processo de reprodução levam…
Maggie Nelson Orfeu Negro 2022 | 9789899071506 | 182 pp. ARGONAUTAS transporta-nos numa viagem em torno do desejo e da identidade de género, das possibilidades do amor, da família e da maternidade. Através de um relato íntimo e fragmentário, Maggie Nelson incorpora nas suas experiências perspectivas teóricas de autores como Roland Barthes, Judith Butler, Gilles Deleuze e Ludwig Wittgenstein, esbatendo as fronteiras entre o ensaio e a memória, o político, o filosófico, o estético e o pessoal. No centro deste fluxo de pensamento está a sua relação amorosa com o artista Harry Dodge, a família que esta união configura e a viagem que empreendem os seus corpos, em permanente devir: Harry submetendo-se às alterações físicas e hormonais de uma transição de género, Maggie engravidando e vivendo as transformações da gravidez. Uma obra de «autoteoria» e uma reflexão crua e oportuna sobre as políticas de identidade, o feminismo e a teoria queer.
Virginia Woolf Relógio D'Água 2022 | 9789897832673 | 496 pp. Reúnem-se aqui quarenta e oito ensaios da autora de As Ondas que nos falam de escritores como Jane Austen, Defoe, Henry James, Christina Rossetti, Conrad, Sterne, Thomas Hardy, Walt Whitman, Montaigne e dos russos que eram os seus favoritos, como Tolstói, Dostoievski e Turgenev. Virginia Woolf escreve ainda sobre a personagem ficcional, o romance gótico, histórias de fantasmas, o tempo passado em bibliotecas, a arte da biografia e a situação de estar doente. Assuntos como o cinema e as mulheres escritoras são também abordados, assim como o declínio da escrita ensaística, a crítica ou o modo como se deve ler um livro. Nos últimos ensaios, pairam já as sombras da II Guerra Mundial, como em «Pensamentos de Paz num Ataque Aéreo» (1942).
George Saunders Relógio D'Água 2022 | 9789897832765 | 440 pp. Nos últimos vinte anos George Saunders deu aulas sobre os maiores contistas russos aos seus alunos da Universidade de Syracuse, e neste livro partilha esses ensinamentos, reunidos ao longo dos anos, recorrendo a contos de Tchékhov, Turguénev, Tolstói e Gogol, através dos quais explica como funciona a ficção e a razão pela qual nestes tempos conturbados ela é mais relevante do que nunca.
Ana Rita Alves Tigre de Papel 2021 | 9789895486151 | 170 pp. Partindo de uma revisão e análise críticas de (con)textos políticos, académicos e mediáticos, este livro procura compreender como se tem (re)construído historicamente a relação entre periferia, direito à habitação e raça/racismo no Portugal contemporâneo. Nas páginas deste livro encontrar-se-á, de certa forma, o início do fim do Programa Especial de Realojamento (PER), traduzido na dilaceração e na resistência de uma comunidade histórica, à altura maioritariamente negra, na cidade da Amadora: o bairro de Santa Filomena. E, se é verdade que a história de um lugar particular não possibilita narrar na totalidade um programa de âmbito nacional/metropolitano, com especificidades territoriais indiscutíveis, a história que aqui se reconta não deixa de ser paradigmática de como o Estado português tem pensado e gerido populações negras, Roma/ciganas e imigrantes empobrecidas no espaço urbano –, ilustrando racionalidades eurocêntricas que urge repensar.
Masanobu Fukuoka Via Óptima 2001 | 9789729360152 | 208 pp. "O agricultor tornou-se atarefado demais quando começámos a estudar o mundo e a decidir que seria bom fazer isto ou fazer aquilo. Toda a minha pesquisa se baseou em não fazer isto ou não fazer aquilo. Estes trinta anos ensinaram-me que os agricultores estariam numa situação bem melhor se não fizessem praticamente nada." Nesta obra, além de descrever a agricultura selvagem em si, Fukuoka relata os acontecimentos que o levaram a desenvolver o seu método e o impacto deste na terra, em si próprio e nas pessoas a quem o ensinou, explicando a razão que o leva a acreditar que ele oferece um modelo de sociedade prático e estável baseado na simplicidade e na permanência. Partindo do princípio de que curar a terra e purificar o espírito humano são a mesma coisa, "A Revolução de Uma Palha" tem por objectivo mudar as nossas atitudes para com a Natureza, a agricultura, a alimentação…
Tomás Maia Documenta 2022 | 9789895680139 | 240 pp. Na era do capital fictício é a própria ficção que é capital e que é o capital. Eis por que razão a arte — pela primeira vez na sua história — está a ser destruída no seu ser: o conceito operante do capitalismo financeiro é o mesmo pelo qual a arte se deixou pensar ao longo do seu percurso milenar: em grego, mimesis, em latim, fictio. «Arte contemporânea e capitalismo financeiro: se a primeira das duas designações tomará apenas o significado de índice histórico (pois interrogá-la em si mesma motivaria um outro livro), já a segunda será objecto de um prolongado exame (religioso e metafísico). Com efeito, trata-se sobretudo de tornar inteligível o modo como, na era contemporânea da história da arte (sobretudo a partir dos anos setenta do século passado), a criação artística começou a comprometer-se com a financeirização da economia (e o predomínio da finança coincide, precisamente, com o advento da…
Geoffroy de Lagasnerie BCF 2022 | 9789895339815 | 84 pp. «E se precisássemos de nos apoiar em princípios completamente diferentes para pensar a sexualidade e a luta contra as violências sexuais nos dias de hoje? É o que nos propõe Geoffroy de Lagasnerie neste texto que tem por objectivo transformar o espaço de discussão sobre as principais questões da política da sexualidade: a dominação, o consentimento, as zonas cinzentas, a influência, a impunidade, a perspectiva das vítimas. Um livro que lança as bases de uma concepção renovada, pluralista, libertadora e não repressiva do corpo, do desejo e da lei.»*O livro é a versão desenvolvida de uma conferência proferida por ocasião de colóquio «Édouard Louis: Escrever a violência», ocorrido na Cidade Universitária de Paris, a 19 de Junho de 2021.
Autores deste número: Amanda Booth, Agustín García Calvo, Charles Reeve, Corsino Vela, Eloy Santos, Erick Corrêa, Fernando Gonçalves, Francisco Norega, Gary Snyder, Jan Zwicky, Joëlle Ghazarian, Jorge Leandro Rosa, José Janela, Júlio do Carmo Gomes, Lina Kostenko, Luciano Moreira, Luísa Assis, M. Ricardo de Sousa, Manuel Rodrigues, Maria Manuel Restivo, Mauricio Centurion, Michael S. Harper, Miguel Brieva, Nik Holliman, Pedro Morais, Quim Sirera - Apesar da proximidade temporal com as barbaridades bélicas (a Guerra dos Balcãs foi há apenas trinta anos), a guerra parecia ter desaparecido do nosso horizonte, «orientada» para paragens mais distantes. Mas o ciclo infernal das desmesuras europeias voltou à carga, não lhe sendo estranho o insistente expansionismo para leste do capital ocidental, que pretende manter a sua hegemonia, a começar pela do poderio militar-nuclear. O n.º 9 da Flauta de Luz abre com três artigos sobre a guerra na Ucrânia, procurando situar as estranhezas que configuram o mais recente conflito europeu, terrível indicador do grau de impossíveis atingido…
Gilles Deleuze Barco Bêbado 2022 | 193 pp. Ora, Proust e os Signos, na sua durée bergsoniana, na sua duração de pensamento e expressão escrita , mais do que uma não-eucronia, oferece-nos a imanência da ontologia deleuziana, isto é, o indivíduo que escreve e afirma o seu pensamento não de uma forma lógica mas como construção de um documento sensível (plano de composição da arte ou plano da imanência da filosofia), um objecto temporal (no sentido da duração da produção sensível - poética - e da fruição - estética - de uma obra de arte) que, pela sua própria metamorfose estilística e pela sua criação conceptual, afirma o pensamento, Luís Lima.
Paul Mason Objectiva 2022 | 9789897845079 | 392 pp. Do autor de Pós-Capitalismo e Um Futuro Livre e Radioso, um manual para resistir coletivamente ao avanço da extrema-direita. Num momento de tensão geopolítica e de incerteza económica global, uma ideia transforma-se em evidência: o fascismo não é uma coisa do passado. À medida que a situação da Humanidade se agrava, os movimentos de extrema-direita ganham força, como um pesadelo coletivo recorrente. Para combater este sistema, temos de compreender o seu percurso, as suas raízes psicológicas na sociedade, a teoria política que lhe dá forma e as condições que o permitem. Acima de tudo, diz Mason, temos de entender o fascismo como um sintoma do inquestionável falhanço do capitalismo. Em Como Travar o Fascismo, Paul Mason, jornalista, professor universitário e ativista britânico, conta a história deste fenómeno político, faz um retrato arrepiante do seu movimento contemporâneo e traça um plano radical e otimista para derrotar a extrema-direita no século XXI. Das cinzas de…
bell hooks Orfeu Negro 2018 | 9789898868343 | 320 pp. "Nenhum outro grupo na América teve a sua identidade tão rasurada da sociedade quanto as negras. Raramente nos reconhecem como grupo autónomo e distinto dos negros, ou como parte integrante, nesta cultura, do grupo alargado de mulheres. Quando se fala de gentes negras, o sexismo opõe-se ao reconhecimento dos interesses das mulheres negras; quando se fala de mulheres, o racismo opõe-se ao reconhecimento dos interesses das mulheres negras. Quando se fala de gentes negras, a atenção tende a recair nos homens negros; quando se fala de mulheres, a atenção tende a recair nas mulheres brancas." bell hooks
Hannah Arendt e Giorgio Agamben Antígona 2021 | 9789726084051 | 72 pp. Um diálogo entre décadas e fronteiras, tão central no pensamento dos dois autores como urgente à luz dos muros e arames farpados que se erguem diante dos nossos olhos. Em 1943, em fuga da Alemanha nazi e exilada nos Estados Unidos, Hannah Arendt escrevia, na língua do país que a acolhera, o ensaio Nós, Refugiados, publicado na revista judaica The Menorah Journal. Nele abordava a crise de identidade do povo judeu, problematizando a condição do refugiado e as alardeadas virtudes da sua assimilação. Meio século depois, em Para Lá dos Direitos do Homem, publicado inicialmente no jornal Libération, Giorgio Agamben dialogava com o texto de Arendt para reflectir sobre o embaraço político e o próprio significado da figura do refugiado. no presente volume recupera-se este diálogo entre décadas e fronteiras, tão central no pensamento dos dois autores como urgente à luz dos muros e arames farpados que se erguem.
Peter Sloterdijk Relógio d'Água 2022 | 9789897832291 | 96 pp. Em que tempo vivemos quando as fake news perturbam até os políticos mais experimentados, os eleitores aceitam a incompetência e a mentira é transformada em verdade oficial por vários governos? Os ensaios reunidos neste livro abordam temas atuais, a emigração, o avanço dos populismos e da sua visão simplista do mundo, os meios de comunicação, a linguagem e a coesão social. O mais importante filósofo europeu atual desvenda o funcionamento das modernas sociedades capitalistas, discutindo o senso comum e as ideias preestabelecidas.
Pierre-Thomas-Nicolas Hurtaut Orfeu Negro 2010 | 9789898327093 | 108 pp. Incrédulo, o leitor interrogar-se-á: mas então, dar peidos também é uma arte? Se a pergunta o atormentar, irá encontrar a resposta neste pequeno ensaio teórico-físico do séc. XVIII. Clássico da literatura cómica, escatológica e pseudocientífica, A ARTE DE DAR PEIDOS confirma-nos que o peido é uma necessidade da natureza, uma condição de boa saúde, que pode e deve ser assumida como uma fonte de prazer. E até de arte, pois dar peidos não custa, custa é saber dá-los.
Anselm Jappe Antígona 2022 | 9789726084075 | 168 pp. Partindo do episódio da queda da Ponte Morandi, em Génova, em 2018, como caso exemplar da obsolescência programada, Anselm Jappe desenvolve a premissa de que o betão — um dos materiais de construção mais utilizados no planeta, produzido em quantidades astronómicas e com irreversíveis consequências sanitárias e ambientais — encarna por excelência a lógica desmesurada, descartável e destrutiva do capitalismo. Ensaio que associa a crítica do valor à crítica da arquitectura e do urbanismo contemporâneos, rememorando o historial problemático deste material — das intenções dos seus entusiastas às reservas dos seus detractores, da sua expansão durante a Revolução Industrial ao declínio de técnicas sustentáveis e ancestrais —, Betão (2020) é um protesto contra a uniformização económica, social e estética do mundo, uma recusa da habitação como activo rentável e um alerta para as insidiosas leis da mercadoria e do crescimento infinito.
Niels Christian Geelmuyden Casa das Letras 2022 | 9789896613969 | 320 pp. Cada vez mais casais não conseguem ter filhos ou lutam para conseguir tê-los. A fertilidade está em declínio em todo o mundo. O que até nos pode fazer pensar que está tudo bem, por já sermos muitos a habitar a Terra, mas o problema é que homens com esperma pobre também têm vidas mais curtas e sofrem mais doenças e problemas de saúde do que os homens com esperma saudável. É um problema que não afeta apenas os casais diretamente, mas sim, de uma forma ou outra, todas as pessoas, uma vez que a mesma tendência foi detetada em peixes, anfíbios, insetos, aves, répteis e mamíferos. Qual será a causa desse declínio na reprodutividade? Haverá alguma coisa que possamos fazer para reverter esta tendência? Ou poderá este fenómeno pura e simplesmente causar a extinção da humanidade e de outras formas de vida? Neste livro pejado de factos inéditos e terrivelmente…
José Cutileiro D. Quixote 2022 | 9789722073202 | 816 pp. As melhores crónicas do autor de culto Podia Ter Sido Pior reúne os melhores trabalhos de José Cutileiro publicados na imprensa ao longo de 67 anos. Nesta antologia o leitor encontra uma selecção dos mais bem conseguidos Bilhetes de Colares, diversos obituários publicados originalmente na célebre coluna In Memoriam do jornal Expresso, alguns dos mais influentes textos de Antropologia, e comentários de política internacional muito actuais. Enriquecido com um prefácio de Marcelo Rebelo de Sousa e uma nota de Myriam Sochacki-Cutileiro, Podia Ter Sido Pior mostra a relevância, frescura e erudição de um dos cronistas mais bem sucedidos do Portugal contemporâneo. «José Cutileiro, que eu primeiro conheci quando estudava em Oxford, era verdadeiramente original. Um homem de grande cultura, sentia-se confortável nos mundos da diplomacia e das organizações internacionais. O fascínio que tinha pelos semelhantes humanos, suas culturas e interacções, e o talento para as maravilhosas observações incisivas, fizeram com que fosse…
Tomás Ibáñez Barricada de Livros 2022 | 279 pp. Tradução de Andreia Tatoni, Carlos Jacques, Carlos Nuno, Caterina Casarosa, Mário Rui Pinto. Projecto gráfico de Ana Paula Pais «Tomáz Ibáñez (Zaragoza, 1944) vive com os ideais libertários como guia. Filho do exílio em França, começou as suas andanças políticas nos grupos juvenis anarquistas franceses e de jovens exilados espanhóis. Desde o início dos anos 60 até inícios dos anos 80 centrou as suas energias na construção de organizações libertárias, na luta antifranquista e na reconstrução da CNT em 1976.» in https://colectivolibertarioevora.wordpress.com/2015/01/30/entrevista-tomas-ibanez-nunca-se-toma-o-poder-e-sempre-o-poder-que-nos-toma/
Henry Kissinger, Eric Schmidt, Daniel Huttenlocher D. Quixote 2021 |9789722073400| 240 pp. Três dos mais reputados e estimulantes pensadores da atualidade refletem sobre a Inteligência Artificial, as transformações que está a provocar na sociedade e o que isso significa para todos nós. Uma Inteligência Artificial (IA) aprendeu a ganhar partidas de xadrez escolhendo jogadas que os grandes mestres nunca tinham considerado. Outra IA descobriu um antibiótico novo ao analisar propriedades moleculares que os cientistas não compreendiam. Aviões a jato manobrados por IA conseguiram derrotar pilotos experientes em combates simulados. A IA está a entrar nos motores de busca online, no streaming, na medicina, na educação e em muitos outros domínios, e, ao fazê-lo, está a alterar a forma como os humanos experienciam a realidade. Em A Era da Inteligência Artificial, Kissinger, Schmidt e Huttenlocher revelam o impacto da IA no conhecimento, na política e nas sociedades em que vivemos, e apresentam-nos a uma era marcada pela coabitação entre humanos e a IA…
Raphaël Glucksmann Guerra & Paz 2022 | 9789897027086 | 159 pp. «Catástrofe climática? Inexorável! Extinção da biodiversidade? Irremediável! Globalização financeira, deslocalizações, explosão das desigualdades? Fatal! Declínio das democracias, erosão dos direitos, crescimento dos ódios? Irreversível! Todos vos dizem que é assim, que nada podem fazer. Então para quê lutar, agir, sonhar?» Numa carta aberta apaixonada e cheia de esperança, o ensaísta, realizador e eurodeputado Raphaël Glucksmann exorta os jovens a enfrentar os desafios da sociedade actual, lutando contra os fatalismos. Não se resignem. Ser jovem hoje é ter na mão o poder de pertencer à geração que vai mudar tudo. «A indiferença e a resignação são mortíferas. Não se desinteressem pelo vosso futuro. Não se resignem. Não se tornem cínicos antes de terem experimentado o idealismo. Não sejam velhos antes de serem jovens. Tenho um só objectivo na política: devolver à democracia a sua juventude perdida, a sua força e a sua beleza. Para isso, são vocês a chave, a única chave.…
Paulo Nogueira Guerra & Paz 2022 | 9789897027109 | 207 pp. Vivemos tempos perigosos. Uma das principais armas das guerras culturais do século XXI é o cancelamento: a obliteração do interlocutor, a mordaça digital. Na realidade virtual, o linchamento é electrónico – na realidade física, pode descambar em execução biológica. Para tanto, nem é preciso cometer o pecado da blasfémia escandalosa. Para disparar retaliações fanáticas, basta professar o que até ontem eram singelos truísmos e tautologias, como «as mulheres menstruam». Será hoje a liberdade de expressão um luxo sibarita dos que podem falar o que lhes dá na cabeça – isto é, uma ínfima elite, aliás em extinção? Mas, nesse caso, ainda prestará para alguma coisa? Como chegámos aqui? Para que serve afinal o raio da liberdade de expressão? Ela alguma vez realmente existiu? É humanamente possível ou não passa de uma confortável ilusão? Quem nunca, em algum momento, odiou algo ou alguém?
Michel Desmurget Contraponto 2021 | 9789896663117 | 368 pp. Estamos a viver uma situação muitíssimo preocupante. O autor deste livro afirmou, numa entrevista à BBC que se tornou viral, que os nativos digitais são os primeiros filhos a terem um QI inferior ao dos pais. Após milhares de anos de evolução, o ser humano está agora a regredir em termos cognitivos e de capacidades intelectuais — por culpa da exposição excessiva a ecrãs. O tempo que as novas gerações passam a interagir com smartphones, tablets, computadores e televisão é elevadíssimo. Aos 2 anos, as crianças dos países ocidentais consagram todos os dias quase três horas a ecrãs. Entre os 8 e os 12 anos, esse tempo aumenta para cerca de quatro horas e quarenta e cinco minutos. Entre os 13 e os 18, a exposição é em média de seis horas e quarenta e cinco minutos diários. Em termos anuais, são cerca de mil horas para um aluno do 1.º ciclo do…
Oscar Wilde Guerra & Paz 2022 | 978-989-702-706-2 | 128 pp. Esta Intransigente Defesa da Arte é um esplêndido documento histórico e é um manifesto de intransigente defesa da independência da arte, permitindo aos leitores «ouvir» as reais palavras de Wilde no seu mais articulado e brilhante discurso, que faz de um texto que se presumiria perdido nos meandros da lei uma peça da mais sublime estética.
Gonçalo M. Tavares Relógio d'Água 2021 | 9789897831645 | 168 pp. Este Dicionário de Artistas, este Museu, parte de um pormenor, detalhe ínfimo ou centro centralíssimo, da obra de um artista, e daí o texto vai para outro local qualquer. Como um animal que tem fome parte do ninho para um ponto onde pressente o alimento, assim parte o texto à sua vida. … os textos deste Dicionário são seres autónomos que saem à rua livres e bem sozinhos depois da meia-noite. SOBRE O AUTOR: Gonçalo M. Tavares é autor de uma vasta obra que está a ser traduzida em cerca de cinquenta países.A sua linguagem em ruptura com as tradições líricas portuguesas e a subversão dos géneros literários fazem dele um dos mais inovadores escritores europeus da actualidade. Recebeu importantes prémios em Portugal e no estrangeiro. Em Portugal, destacam-se o Grande Prémio de Romance e Novela da APE, o Prémio Literário José Saramago, o Fernando Namora, entre outros. Em França, Aprender…
Maurice Blanchot Sr Teste Edições 2021 | 490394/21 | 101 pp. A ideia de uma comunidade formada pelo que é mais comum no ser humano: o princípio de insuficiência. Neste livro Blanchot fala de alguns membros da sua comunidade dando destaque a Georges Bataille, à sua Acéphale e a Marguerite Duras nas suas narrativas em que o infindável Outro é revelador das dicotomias da vida.
Walter Benjamin Sr Teste Edições 2021 | 469507/20 | 112 pp. O livro mais íntimo de W. Benjamin, nele torna-se clara a estrutura do seu pensamento sensível através destes textos, unindo realidade/sonho, infância/ maturidade, revelação/ segredo. A tradução é de José Aigner, as imagens da artista plástica Clara Sanchez Sala e a composição gráfica de Catarina Domingues.
Lydie Dattas Sr Teste Edições 2021 | 479796/21 | 45 pp. Este é o primeiro livro da autora editado em Portugal. Escrito a partir de um encontro com Jean Genet, este texto é uma ode à beleza a partir da condição feminina. Desejando celebrar a Mulher e que o seu dia se estenda, “A Noite Espiritual” é o auto-retrato da sensibilidade e intelecto feminino denegados por uma sociedade patriarcal. A tradução é de Ricardo Ribeiro, os desenhos de Catarina Leitão e a composição gráfica de Catarina Domingues.
Maurice Blanchot Sr Teste Edições 2021 | 475343/20 | 90 pp. “Blanchot fala-nos da ambiguidade essencial da literatura, mostrando-nos o movimento oscilante que vai das operações da linguagem corrente à vertigem da experiência literária. Como é que o negativo, o vazio, a morte animam cada palavra com um estranho pulsar, um batimento entre a presença e a ausência, a possibilidade e a impossibilidade?” – Sara Soares Belo (tradutora)
Giordano Bruno Sr Teste Edições 2021 | 485149/21 | 123 pp. O pensamento em torno do mistério do encontro. Entre seres irradiam forças e histórias desconhecidas que tornam o universo íntimo, atento à vida mensageira. Toda a experiência dilatando-se na pessoa em direcção ao outro. Intermediários da força da vida, pela ação dos vínculos, assim nos reconhecemos. Tradução: Ricardo Ribeiro Fotografia: André Cepeda
Lydia Davis Bazarov 20121 | 9789899025035 | 464 pp. Neste primeiro de dois volumes, os temas de Davis viajam entre as suas influências iniciais até aos seus contos favoritos, da tradução de Rimbaud por John Ashbery à pintura de Alan Cote, do Salmo do Bom Pastor a fotografias antigas enquanto turista. Em exibição neste livro está o desenvolvimento e e capacidade de uma das mais claras e capazes mentes a escrever nestes dias.
Stefan Zweig Relógio d`Água 2021 | 9789897831652 | 112 pp. Stefan Zweig fala-nos aqui, combinando análise literária com a vida dos autores, de Goethe, Sigmund Freud, Thomas Mann e Honoré de Balzac. O seu artigo sobre As Mil e Uma Noites é uma abordagem original que ficará certamente na memória dos que o leiam. Stefan Zweig conheceu pessoalmente ou correspondeu-se com os maiores romancistas do seu tempo e também com o próprio Freud. A sua relação com os livros está condensada no texto inicial desta obra, «O Livro como Acesso ao Mundo».
António Guerreiro Edições 70 2021 | 9789724424651 | 500 pp. Publicadas originalmente no suplemento Ípsilon do jornal Público, as crónicas reunidas neste livro, de um modo geral, reivindicam uma condição de autonomia em relação à circunstância imediata na qual quase sempre tiveram origem: são micro-ensaios que praticam o nomadismo próprio da disposição teórica e que circulam livremente, desdenhando das fronteiras disciplinares, por territórios que constituem a nossa actualidade, tendo, regra geral, como guia conhecimentos e conceitos das chamadas ciências sociais e humanas. A ligação directa ao presente, de modo a apreender na contingência e no quotidiano aquilo que dá forma ao nosso tempo e nos permite nomear a época de que somos contemporâneos, é a marca mais saliente destes textos. No seu conjunto, eles vão descrevendo as tonalidades epocais, a partir de «sintomas» amplificados pelos media ou de manifestações de superfície.
Michel Houllebecq Alfaguara 2021 | 9789897842078 | 384 Literatura, religião, fé, arte, filosofia, feminismo, conservadorismo, amor neste volume de textos, Michel Houellebecq regressa aos temas que sempre lhe interessaram, para dar a conhecer os pontos de vista que o têm celebrizado: frequentemente polémicos, quase sempre provocadores, sempre estimulantes. Neste primeiro livro de opinião publicado em Portugal onde encontramos o escritor a fazer um elogio a Trump ou numa conversa íntima com um amigo escritor, a defender o conservadorismo moderado ou a exaltar a literatura e o amor, temos um Michel Houellebecq mais directo, mais despido do filtro da ficção, sempre fascinante. Vemos um homem que calha ser um dos escritores mais relevantes do presente de pensamento absolutamente livre, impossível de definir com rótulos simplistas, um analista implacável daquilo a que chama a comunidade humana.
Brotéria 2021 | 9786120011669 | 101 pp. Assinalam-se neste ano 700 anos sobre a morte de Dante e o editorial de abril revisita e celebra o pensamento crítico daquele que, reivindicado postumamente pela Igreja, pronunciou palavras de crítica profética contra os seus representantes. Maria de Belém Roseira fala-nos da importância da Saúde enquanto parte de uma geoestratégia “saudável”, e Teresa Nogueira Pinto sobre o peso de uma herança histórica nas relações entre França e o Ruanda. Na secção de Sociedade e Política, Álvaro Domingues mapeia a cartografia difusa que descreve o chamado "Interior de Portugal" e Guilherme d’Oliveira Martins escreve sobre o caminho percorrido pelo Centro Nacional de Cultura e o a política de património cultural enquanto fator de coesão territorial. Em Religião, José Frazão Correia SJ descreve-nos a índole pastoral da doutrina cristã e, com um artigo de António Andresen Guimarães, descobrimos Elesbão e Efigénia, dois santos negros numa capela minhota. Nas Artes e Letras, Manuel Ferro evoca a eloquência e…
Rostos da Morte - Investigações filosóficas sobre a Morte Byung-Chul Han Relógio D'Água 2021 | 9789897831034 | 240 pp. “Em torno da morte proliferam fenómenos. A morte faz com que se desenrolem metáforas e metonímias. Tal é a aparência necessária que faz com que a vida seja o que é. Mas o aparente não é o falso, não é o oposto do verdadeiro. A aparência não se limita a falsear o ser, mas faz com que ele se manifeste de um determinado modo, transformando-o assim em linguagem.” A perda pela morte é irreversível e também por isso é difícil olhá-la de frente. Mas a reflexão sobre a morte pode convertê-la numa experiência viva. Byung-Chul Han fala-nos da caleidoscópica variedade da morte, através das suas leituras de Adorno, Heidegger, Derrida, Levinas, Kafka e Handke. Este seu livro procura tornar audível a linguagem da morte, que nos vai interpelando ao longo da vida. É assim que se abrem novas perspectivas, surgindo a morte como…
A Aparência das Coisas - Ensaios e Artigos Escolhidos John Berger Antígona – Editores Refractários 2021 | 9789726083955 | 288 pp. «A arte é uma expressão da nossa sensação de que o que existe é insuficiente — e de que não somos obrigados a aceitá‑lo com gratidão.» A Aparência das Coisas (1972) reúne alguns dos ensaios mais brilhantes e incisivos que John Berger escreveu na década de 60. Uma mulher forçada a entrar num táxi; um leão e uma leoa enjaulados no jardim zoológico; a última fotografia de Che Guevara; o desabrochar da Primavera de Praga e a natureza das manifestações populares; Walter Benjamin, Le Corbusier, Camille Corot, Fernand Léger. Retratos e instantâneos admiráveis em si mesmos, revelam a sua maior importância enquanto partes de um todo, fragmentos da existência submetidos ao mesmo olhar coerente, sensível e humanista de John Berger, em favor de uma síntese da experiência e condição humanas. Numa prosa ao mesmo tempo sóbria e epigramática, em textos ora políticos,…
Gramática da Fantasia: introdução à arte de contar histórias Gianni Rodari Faktoria K de Livros - Colecção Ágora K 20017 | 9789899958326 | 260 pp. «Inventar histórias para crianças e ajudá-las a inventar histórias sozinhas (...) não para que todos se tornem artistas, mas para que ninguém seja escravo.» Foi esta a intenção de Gianni Rodari quando escreveu a "Gramática da Fantasia" (1973): uma obra de referência obrigatória para educadores; uma abordagem sem precedentes à pedagogia contemporânea; o legado, em suma, com o qual transmite a sua ideia revolucionária e libertadora sobre literatura. Com este livro, que teve origem num encontro de professores em que Rodari participou em 1972, o autor propõe a conversão da palavra em jogo, ao mesmo tempo que revela o processo de escrever histórias para crianças, ajudando-as a inventar novos mundos. A "Gramática da Fantasia" dá assim ao leitor a possibilidade de descobrir que todos «podemos entrar no mundo real pela porta principal ou - o que é…
A Cidade das Crianças - Uma nova forma de pensar a cidade Francesco Tonucci Faktoria K de Livros - Colecção Ágora K 2019 | 9789895434046 | 344 pp. Ciente de que uma cidade à medida das crianças deve ser necessariamente uma cidade com maior qualidade de vida para todos os cidadãos, a autor apresenta com esta obra uma nova filosofia para o seu governo, com base em experiências concretas, em que as crianças são consideradas como o seu elemento-chave. Ao mesmo tempo lança um repto aos responsáveis públicos para que adoptem novas estratégias e rompam com medidas que põem em perigo o futuro das cidades.
A Política do Impossível - Ensaios e Artigos Seleccionados Stig Dagerman VS. 2019 | 9789895453412 A coisa mais importante para a literatura do século XX foi a psicanálise, com a sua profunda abertura de perspectiva sobre o ser humano, e Ulisses, de Joyce, com a sua inexaurível exposição das inexauríveis possibilidades da criação literária. Que espero eu? Uma literatura independente que combata pelos direitos inalienáveis dos seres humanos aprisionados nas organizações políticas e de massa: liberdade, fuga e traição. Liberdade de não escolha entre aniquilação e extermínio, fuga do futuro campo de batalha em que se está a preparar um desastre, traição de todo o sistema que criminalize a consciência, o medo e o amor ao próximo.
David Foster Wallace Bazarov 2020 | 9789899025011 | 152 pp. Aqui finalmente reunidos, os cinco ensaios de David Foster Wallace sobre ténis, escritos com o conhecimento de um jogador semiprofissional, o entusiasmo de um apaixonado pela modalidade e o primor e a pungência de um escritor sublime. Ruminante, digressivo, lírico, hilariante, depressivo e às vezes lunático, Teoria das Cordas revela todos os elementos da prosa do escritor americano e consagra-o como um dos mais brilhantes ensaístas de sempre.
Eliot Weinberger Bazarov 2020 | 9789895479276 | 224 pp. Eliot Weinberger conduz o ensaio a territórios inexplorados, nas fronteiras entre a poesia e a narrativa, onde a única lei é o imperativo de toda a informação ser verificável. Uma Coisa Elementar conduz-nos através de histórias, fábulas e meditações sobre as dez mil coisas no universo: o vento e o rinoceronte, santos católicos e pessoas chamadas Chang, as tribos ancestrais na fronteira Irão-Iraque ou nas montanhas da Nova Guiné.
Paul B. Preciado Bazarov 2020 | 9789895479252 | 300 pp. Urano, o gigante gélido, é o planeta mais frio do sistema solar e uma divindade na mitologia grega. É, também, a inspiração para o uranismo, um conceito cunhado pelo escritor Karl Heinrich Ulrich em 1864 para definir o terceiro sexo. Seguindo Ulrich, Paul B. Preciado sonha com UM APARTAMENTO EM URANO, onde o autor pode viver além do poder existente, dos espartilhos de género e das restrições raciais inventadas pela modernidade.
Joachim Kalka Bazarov 2020 | 9789895479238 A simbologia e a influência da Lua ao longo de nossa história são tão amplas quanto diversas, tão antigas quanto vigentes. Existem infinitas rotas que se podem traçar em torno deste astro que sempre esteve lá, testemunha e parte do desenvolvimento das civilizações. Joachim Kalka apresenta neste livro uma paisagem tão erudita quanto pessoal que orbita em torno da Lua, inspiração para artistas, culturas, mitologias ou lendas.
Brian Dillon Bazarov 2020 | 9789895479214 | 144 pp. Como o próprio estilo da escrita de Brian Dillon — aglomerativo, associativo, digressivo, curioso, apaixonado e desapaixonado —, este é um livro que ramifica as possibilidades do ensaio. Ensaísmo é um estudo da melancolia e da depressão, uma carta de amor para as belas letras e um relato das vidas de leitura e de escrita, sob orientação de Montaigne, Virginia Woolf, Barthes, Adorno, Walter Benjamin, Georges Perec ou Susan Sontag.
George Orwell Antígona - Editores Refractários 2021 | 9789726083931 | 160 pp. «Escrevo porque há uma mentira qualquer que quero denunciar, um facto qualquer para o qual quero chamar a atenção, e a minha preocupação inicial é ser ouvido.» Porque escreve George Orwell? Orwell escreve porque, muito antes das redes sociais e das fake news, compreende o perigo de dar rédea solta a uma mentira («Porque Escrevo»). Orwell, o autor de Mil Novecentos e Oitenta e Quatro, o criador do termo «novilíngua», escreve porque dá valor às palavras, conhece o seu poder, é sensível aos mecanismos de manipulação do pensamento por via da linguagem obscura («A Política e a Língua Inglesa», «Verdade Histórica», «Linguagem Religiosa»). Orwell, o cidadão intrínseca e fatalmente politizado, escreve porque defende que toda a arte é um gesto político, um empecilho a pretensões totalitárias, uma arma escarninha contra demagogias («As Fron-teiras entre a Arte e a Propaganda», «Literatura e Totalitarismo»). «Enquanto escrevo, seres humanos civilizadíssimos sobrevoam-me, tentando matar‑me»,…
Guy Debord Antígona - Editores Refractários 2021 | 9789726083658 | 96 pp. «Nunca a censura foi tão perfeita. Nunca foi permitido mentir com uma tão perfeita ausência de consequências. Pressupõe-se apenas que o espectador deve ignorar tudo, não merecer nada. Ao invés da pura mentira, a desinformação deve fatalmente conter uma certa parte de verdade, porém deliberadamente manipulada por um hábil inimigo.» Companheiro inseparável d’A Sociedade do Espectáculo, os Comentários (1988) actualizam e confirmam, ao fim de vinte anos, as teses anteriores de Guy Debord,apresentando a noção de «espectacular integrado»: um conceito global que reúne o «espectacular difuso» do american way of life e o «concentrado» dos regimes totalitários, vertido na manipulação cada vez mais sofisticada dos desejos do ser humano, operada por Estados e meios de comunicação em nome do bem oleado capitalismo moderno. Este balanço do autor, quando o espectáculo se tornara ainda mais irracional e omnipresente do que ele previra em 1967 – que passa em revista a mentira…
Guy Debord Antígona - Editores Refractários 2021 | 9789726082224 | 144 pp. «A alienação do espectador em proveito do objecto contemplado (que é o resultado da sua própria actividade inconsciente) exprime-se assim: quanto mais ele contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos compreende a sua própria existência e o seu próprio desejo.» Publicada em 1967, A Sociedade do Espectáculo é a obra filosófica e política mais famosa de Guy Debord e uma análise impiedosa da invasão de todos os aspectos do quotidiano pelo capitalismo moderno. O espectáculo, segundo o autor, «uma droga para escravos» que empobrece a verdadeira qualidade da vida, é apontado como uma imagem invertida da sociedade desejável, na qual as relações entre as mercadorias suplantaram os laços que unem as pessoas, conferindo-se a primazia à identificação passiva, em detrimento da genuína actividade. O autor afirma que «quanto mais [o espectador] aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos compreende a sua própria existência…
Ramin Jahanbegloo Editora VS. 2020 | 9789895473502 | 204 Neste volume de entrevistas, George Steiner, bem mais do que se explicar, co(implica) a vida dos seus interlocutores-leitores, segundo a melhor tradição socrática. Quer dizer, indisciplina a filosofia, devolvendo-a e revivendo-a em estado nascente, nessa praça da palavra onde a última palavra não pertence a ninguém, e reabre quotidianamente o silêncio sem fundo de onde as primeiras palavras, mas, sem dúvida, também todas as palavras primeiras, vêm. E ― fundindo até ao âmago, por exemplo, a reflexão acerca da poesia e da música e da interrogação do extermínio nazi, ou a sua polémica com as gramáticas generativas e com as paradas políticas fundamentais do nosso tempo ― fá-lo sempre em situação, sempre agora, na singularidade que a encruzilhada toma a cada instante, aberta pelo passo de quem caminha e refaz o caminho que nos ensinou a andar.
Autor: George Orwell Editora: Edições 70 Ano: 2021 | ISBN: 9789724423975 | N.º pp: 420 O Orwell ensaísta que o público português conhece, através da tradução de alguns dos seus ensaios, é essencialmente o Orwell político. Sem descurar essa dimensão incontornável do autor, a presente coletânea pretende dar a conhecer várias das suas outras facetas que frequentemente ficam esquecidas ou são menosprezada. Assim, a coletânea inclui ensaios sobre o policial, a literatura infanto-juvenil e outras manifestações da cultura de massas, bem como outros sobre a natureza, o imperialismo e as questões identitárias. Os ensaios aqui reunidos revelam a versatilidade de Orwell e as suas extraordinárias qualidades de ensaísta: o espírito de independência, o sentido crítico, a curiosidade intelectual, a perspicácia da observação, a informalidade do estilo e, acima de tudo, a sua capacidade de interrogar o mundo e de com ele dialogar, «ensaiando» explicações para tudo o que lhe suscita o interesse, do mais filosófico ao mais comezinho.