Andrei Tarkovski Sr Teste 2024 | 9786120018460 | 357 pp. Neste livro é revelado o caminho íntimo do cineasta Andrei Tarkovski, que deu origem à sua obra. Partindo da visão cinematográfica para uma visão ética e comunitária do mundo.
Maria Filomena Mónica Relógio d'Água 2024 | 9789897834691 | 208 pp. «Em Dezembro de 1991, tinha eu 48 anos, dei uma entrevista à Marie Claire, uma revista que organizara um número sob o título “O Charme das Mulheres de 50 Anos”. Relendo o que disse, o que surpreende é o meu optimismo. É verdade que já então descobrira não ser imortal, o primeiro sinal de envelhecimento, ou, se preferirem, de sabedoria, mas declarava, com ar pimpão, que ter cinquenta anos era a melhor coisa do mundo. O único facto que lamentava era não poder registar, numa agenda, a data e a hora da minha morte.»
Documenta 2024 | 9789895681259 | 592 pp. «Diante do crescente interesse pela obra desta autora e pelos convites ao pensamento crítico que esta lança a diversos campos de saber, parece não ser de todo ousado falarmos do estabelecimento de um campo chamado Estudos adilianos. No seguimento do Colóquio Internacional Por el barrio de Adília Lopes, a revista eLyra dedicou um número especial à autora, com o título Adília Lopes: o visível e o invisível. Em 2021, o segundo Colóquio Internacional dedicado à obra de Adília Lopes teve lugar na Universidade de Vigo, com o título Estar em casa com Adília Lopes: do privado ao político, organizado por Burghard Baltrusch, Lúcia Evangelista, Joana Meirim, Bruno Ministro e Antía Monteagudo, no contexto do projecto de investigação POEPOLIT II. Em 2023, teve lugar na Biblioteca Nacional de Portugal e no Agrupamento de Escolas Gil Vicente o Colóquio Ir à escola com a Adília, organizado por Joana Meirim, Diana Duarte, Lúcia Evangelista e Sara Leite, no âmbito da linha de investigação Literatura e…
Lev Tolstói Gradiva 2024 | 9789897853227 | 256 pp. A obra de Tolstói como autor de romances dispensa apresentações. Porém, o escritor russo foi muito mais do que um grande romancista, dedicando a parte final da sua vida ao ensaísmo filosófico. O Que é a Arte? é talvez o ponto mais alto da reflexão filosófica de Tolstói, tendo levado cerca de quinze anos a escrever, o que mostra a importância que o próprio autor dava ao tema em causa. Como ele mesmo refere, a arte é uma coisa séria. Não é uma mera questão de beleza e ainda menos de divertimento ou de obtenção de prazer. A arte autêntica é acessível a todos e define-se, segundo Tolstói, pela sua capacidade de comunicar sentimentos que contribuam para a união das pessoas e para o aperfeiçoamento moral de toda a comunidade. Estas são as bases da teoria da arte que veio a ser conhecida como «teoria da expressão», assente numa definição funcionalista da arte.…
Vários Autores Colibri 2024 | 9789895661176 | 340 pp. BEIRA[S]. Dos baixios litorais à suprema altitude interior. A(s) Beira(s) do tesouro botânico da Mata da Margaraça, dos esteiros navegáveis da laguna de Aveiro, das areias da Gândara; da economia do granito e do xisto, dos vinhos e frutos da Cova da Beira, da fortuna hídrica que resiste ao novo tempo. O centro de Portugal continental tem no Mondego o seu “fulcro” e “pulsa-lhe o coração” na imensidade rochosa da lã e da neve. E uma teia de ressonâncias desse ambiente biofísico e humano permeia o acervo de títulos da ficção literária portuguesa. Que valor tem a nossa literatura ficcional enquanto celeiro imaterial da memória das Beiras? Que imagens desse património nos legaram os escritores nos seus romances, contos e novelas? Como podem as suas páginas acender a consciência ecológica, geográfica e climática nos leitores de hoje? As investigadoras Ana Cristina Carvalho (Universidade Nova de Lisboa) e Cristina Costa Vieira (Universidade da Beira…
Saguenail Contracapa 2024 | 148 pp. “Em ‘Foldulogia Oto-ocular’, Saguenail vê o cinema (e os filmes) num momento de impasse, onde as redefinições digitais da receção põem em causa a função do cinema enquanto agregador e transfigurador social. Como ser um verdadeiro espectador e não apenas um consumidor de imagens? Como ser um verdadeiro cinéfilo e não um mero replicador publicitário? Como ver o cinema enquanto expressão artística e não como vã acumulação informativa? Como encarar o cinema enquanto força disruptiva e revolucionária e não como mais uma manifestação da cultura de massas? Como fazer de cada elemento do público um crítico? E de cada projeção uma reunião? E de cada filme uma obra participativa e aberta?”
Silvina Rodrigues Lopes Língua Morta 2023 | 9786120014813 | 236 pp. Reunião de ensaios, literários e artísticos, de Silvina Rodrigues Lopes, onde se colocam problemas centrais, como a relação entre ficção e testemunho, irredutibilidade do artifício à técnica nele implicada, valor e avaliação.
Linda Nochlin VS. Editor 2023 | 9789899105188 | 134 pp. «É quando se começa realmente a pensar no que implica a pergunta “Porque não houve grandes mulheres artistas?” que se começa a perceber até que ponto a nossa consciência de como as coisas estão no mundo foi condicionada - e muitas vezes falsificada - pela forma como as questões mais relevantes são colocadas. Temos tendência a considerar como certo que existe realmente um Problema do Leste Asiático, um Problema da Pobreza, um Problema dos Negros - e um Problema da Mulher. Mas primeiro, temos de nos perguntar quem está a formular estas “perguntas”, e depois, que propósitos podem servir essas formulações.»
Salvador Dalí Sr Teste Edições 2023, 238 pp. Estes escritos de Dalí negam a ideia de vida e obra, afirmando a vida como obra. Da relação excessiva e vertiginosa com o Divino, à desconfiança em relação ao Surrealismo, do constante Olé em homenagem a Lorca ao amor filial a Picasso.
Max Jacob Sr Teste Edições 2023, 70 pp. Tendo como premissa um encontro com um jovem poeta em formação, Max Jacob anota num pequeno caderno uma série de conselhos e respostas a algumas dúvidas a ele apresentadas. Também ele próximo do Surrealismo e Dada, congregou em si facetas consideradas dispares: artisticamente livre e experimental, austero e contido.
Pascal Quignard Sr Teste Edições 2023, 144 pp. Esta obra celebra o leitor e a leitura como exercício íntimo e infinito. Este livro/catálogo resulta do convite feito pelo Centro Cultural Vila Flor para a concepção e curadoria da exposição “A Prática do Infinito Pela Leitura”, congregando 31 artistas plásticos sob o denominador incomum que é a leitura. Esta exposição tem lugar no Palácio Vila Flor, em Guimarães, de 25 de Março a 3 de Junho de 2023.
José Medeiros Ferreira Shantarin 2023 | 9789899156142 | 248 pp. A 25 de abril de 1974, um grupo de militares portugueses derrubou uma das últimas ditaduras da Europa ocidental do séc. XX e apresentou-se ao País com um programa político assente em três pilares: Democratizar, Descolonizar e Desenvolver. Aquela que ficou conhecida como a Revolução dos Cravos inaugurava a terceira vaga da democratização (Samuel P. Huntington), que depois atingiu a Espanha, a Grécia e dezenas de outros países na América Latina, na Ásia e Pacífico, em África e na Europa de Leste. Um ano antes, em Abril de 1973, fora apresentada ao 3.o Congresso da Oposição Democrática em Aveiro uma tese que José Medeiros Ferreira enviara do exílio na Suíça. Na referida tese, recebida com desconfiança por vários setores da Oposição, mas que viria a revelar-se premonitória, o autor sublinhava a necessidade de envolvimento das Forças Armadas, primeiro, para pôr termo à ditadura e à guerra nas colónias africanas, e depois para…
Voltaire Antígona 2023 | 9789726084365 | 222 pp. Este tratado (1763) constitui porventura um dos escritos mais significativos do combate que, sobretudo a partir de finais da década de 50 do século XVIII, Voltaire desenvolve contra o conservadorismo mais radical, o espírito de intolerância religiosa que lhe anda associado e as estruturas judiciais mais arcaicas do Antigo Regime. Tomando a defesa da família Calas, perseguida com a maior crueldade pelas autoridades de Toulouse, Voltaire empenha-se pessoalmente no processo de revisão da sentença que levara Jean Calas ao patíbulo e acaba por redigir um volume cujo alcance excede em muito as circunstâncias que o motivam. Clássico da literatura sobre este tema, a par dos escritos de Pierre Bayle e de John Locke, este Tratado Sobre a Tolerância comporta pelo menos um aspecto que o torna actual no nosso tempo: é que o autor dirige o seu combate contra formas concretas de exercício do poder judicial e contra a promiscuidade entre a ideologia e os…
Grégoire Chamayou Antígona 2023 | 9789726084303 | 224 pp. Estreia em Portugal de um dos mais brilhantes pensadores franceses contemporâneos, As Caças ao Homem (2010) traça a evolução desta forma de violência imemorial e sistemática no Ocidente: das capturas na Grécia Antiga à actual perseguição de imigrantes ditos ilegais na Europa. Esta prática concreta – que visou ciganos e indigentes na Idade Média, abarcou a escravatura, ataques a nativos do Novo Mundo e o confinamento e extermínio de hereges e judeus ao longo dos tempos – suscitou, ao invés do silêncio, discursos de legitimação dos perpetradores e dos seus aliados. Nesta «história filosófica das teorias da caça ao homem», Grégoire Chamayou aponta uma matriz comum às históricas relações de predação e às lógicas de exclusão e xenofobia na contemporaneidade, expondo, em suma, a persistência da barbárie.
2023 | 21839948 | 352 pp. Entre uma visão crítica do expansionismo tecnológico e a abordagem das culturas vernaculares contemporâneas, esta revista procura uma síntese entre o «moderno» e o «primitivo». Neste número – além do grande questionamento da guerra prosseguido por Jorge Leandro Rosa e da Grande Deserção em marcha documentada por Gaspard d’Allens – começamos a prestar mais atenção ao mundo desertificado reduzido a paisagem para exploração turística ou para insano incremento do extractivismo. Nas circunstâncias criadas pela pandemia, os espaços rurais, em todo o mundo, passaram a ser encarados com outros olhos pelos citadinos, que aos milhares se lançaram em novas migrações, juntando-se aos neo-rurais e ampliando as tensões aceleradas pelo desenvolvimento do capitalismo. Em lateral consonância com estas novas ocupações do mundo físico disponível, outras abordagens procuram ir ao cerne daquilo que hoje dá substância demencial ao modus vivendi dominante: o canibalismo pós-civilizacional analisado por Günther Anders, as ruínas nucleares em ascensão (Jaume Valentines-Álvarez), a voz do povo…
Judith Butler Orfeu Negro 2023 | 9789899071711 | 392 pp. Obra fulcral na renovação dos estudos de género, CORPOS QUE CONTAM propõe uma abrangente reformulação crítica em torno da materialidade dos corpos. Aprofundando a reflexão iniciada em Problemas de Género, Judith Butler demonstra como operam as relações de poder na formação do «sexo» e da sua «materialidade», e clarifica a noção de performatividade, não como «acto» singular ou deliberado, mas prática na qual o discurso produz os efeitos que nomeia. A partir de leituras de diversas tradições escritas, da filosofia à psicanálise, da literatura ao filme documental, da teoria política e sexual à democracia radical, Butler investiga o funcionamento da hegemonia heterossexual no forjar de matérias sexuais e políticas, esbatendo decisivamente as fronteiras entre a teoria queer e o feminismo.
bell hooks Orfeu Negro 2023 | 9789899071759 | 280 pp. TUDO DO AMOR, ensaio marcadamente pessoal e uma das obras mais populares de bell hooks, indaga o significado do amor na cultura ocidental, empenhando-se em desconstruir lugares-comuns e representações que mascaram relações de poder e de dominação. Contrariando o pensamento corrente, que tantas vezes julga o amor como fraqueza ou atributo do que não é racional, bell hooks defende que, mais do que um sentimento, o amor é uma acção poderosa, capaz de transformar o cinismo, o materialismo e a ganância que norteiam as sociedades contemporâneas. Tudo do Amor propõe uma outra visão do mundo sob uma nova ética amorosa, determinada a edificar uma sociedade verdadeiramente igualitária, honesta e comprometida com o bem-estar colectivo.
Byung-Chul Han Relógio d'Água 2023 | 9789897833298 | 120 pp. Aquilo a que hoje chamamos crescimento é na verdade uma excrescência, uma proliferação cancerosa que destrói o organismo social. Essas excrescências metastizam-se com uma vitalidade inexplicável. A certa altura, esse crescimento já não é produtivo, mas destrutivo. Há muito que o capitalismo ultrapassou este ponto crítico. As suas forças destrutivas produzem não apenas catástrofes ecológicas ou sociais, mas também mentais. Os efeitos devastadores do capitalismo sugerem a existência de um instinto de morte. Depois de inicialmente Sigmund Freud ter introduzido o conceito de instinto de morte de forma hesitante, confessou que «não poderia pensar de outra forma», porque a ideia ganhara poder sobre ele. Pensar hoje no capitalismo é impossível sem considerar o instinto de morte.
Johann Chapoutot Antígona 2023 | 9789726084310 | 160 pp. Embora a gestão tenha uma história que antecede o nazismo, foi apreciavelmente enriquecida durante os doze anos de domínio do Terceiro Reich, ao ponto de certos conceitos típicos do actual discurso gestionário neoliberal - «flexibilidade», «performance», «colaborador», «objectivos», etc. - se encontrarem já entre as inovações teóricas e práticas da Menschenführung («direcção dos homens») no horror do nacional-socialismo. Livres de Obedecer (2020) debruça-se sobre o contexto histórico e intelectual que estimulou o desenvolvimento das ideias e experiências nazis no domínio da gestão e narra a concomitante ascensão de alguns dos seus sombrios protagonistas, com destaque para Reinhard Höhn, jurista, historiador militar e general das SS, que após a guerra, numa perturbante continuidade ideológica, soube habilmente reconverter-se em fundador da Academia de Quadros de Bad Harzburg - uma prestigiada escola de gestão da RFA –, em guru do modelo de «delegação de responsabilidades» e autor de best-sellers da bibliografia empresarial. Neste breve e polémico…
Angela Davis Orfeu Negro 2023 | 9789899071629 | 348 pp. MULHERES, RAÇA E CLASSE, obra essencial e revolucionária, permanece uma reflexão obrigatória dos estudos feministas. Angela Davis reconstitui a história dos movimentos pelos direitos das mulheres nos Estados Unidos, dos dias do abolicionismo aos nossos tempos, demonstrando como o racismo sistémico e o poder económico e político das elites influenciaram o feminismo, inviabilizando assim todas as ambições colectivas de igualdade. Ao longo de treze ensaios, Davis expõe as relações de convergência e causalidade entre o género, a raça e a classe, tornando evidente que só ao unir as lutas feminista e anti-racista se pode romper com a cadeia de opressões que estruturam as relações sociais e conceber um novo modelo de sociedade.
Jorge Carrión Quetzal 2023 | 9789897228520 | 256 pp. Enquanto a Amazon conquista espaços na nossa vida, Jorge Carrión, o autor de Livrarias, publicado pela Quetzal em 2017, visita bibliotecas (reais e imaginárias) e livrarias em todo o mundo e insiste no valor do livro e da sua proximidade como pilares da nossa educação sentimental e intelectual. Neste livro-manifesto, Carrión defende a figura do livreiro e da livraria contra o mundo impessoal da livraria global e algorítmica, ao mesmo tempo que entrevista Alberto Manguel em Buenos Aires, evoca Borges, caminha ao lado de Iain Sinclair em Londres, desvenda os segredos das bibliotecas imaginárias (a de Babel, a de Dom Quixote e a do Nautilus), mostra como as livrarias de Tóquio se reinventam, fala dos livros como instrumento de consolação diante da angústia da internet - e de como a pandemia da Covid-19 passou pelas livrarias de Lisboa. Com textos especialmente preparados para a edição portuguesa, Contra a Amazon estabelece a leitura como…
Marguerite Duras Sr. Teste 2023 | 149 pp. Um conto e um ensaio da escritora e cineasta francesa. Tradução de Marta Vasconcelos. Imagens de Sebastião Castelo Lopes.
Byung-Chul Han Relógio d'Água 2023 | 9789897833045 | 112 pp. Uma alternativa inspiradora ao conceito de vita activa, de Hannah Arendt, tal como surge em A Condição Humana. A capacidade de inatividade está completamente perdida. A inatividade não é uma negação, não é uma recusa, não é uma mera ausência de atividade, mas uma capacidade independente. Byung-Chul Han traça as potencialidades, o esplendor e a magia da ociosidade e projeta um novo modo de vida.
Martin Latham Edições 70 2023 | 9789724426105 | 354 pp. LIVRO DO ANO 2020 PARA O SPECTATOR E PARA O EVENING STANDARD «Uma alegria. Cada capítulo tornou-se instantaneamente o meu favorito.» David Mitchell, autor de Atlas das Nuvens Esta é a história da nossa relação amorosa com os livros, quer os organizemos nas nossas prateleiras, inalemos o seu cheiro, rabisquemos nas suas margens ou apenas nos enrosquemos com eles na cama. Levando-nos numa viagem através de leituras de conforto, bancas de livros de rua, bibliotecas míticas, vendedores ambulantes, panfletos radicais, clientes de livraria extraordinários e colecionadores fanáticos, o livreiro Martin Latham revela a curiosa história da nossa - e da sua - obsessão pelos livros. Em parte história cultural, em parte carta de amor aos livros e em parte memórias relutantes, estas são as crónicas de um livreiro que honra o seu ofício.
Roberto Calasso Edições 70 2023 | 9789724426563 | 132 pp. «Organizar uma biblioteca é um tema altamente metafísico.» Aqueles que tentam pôr os seus livros em ordem devem ao mesmo tempo reconhecer e modificar uma boa parte da sua paisagem mental. Esta é uma tarefa delicada, cheia de surpresas e descobertas, mas sem uma solução. Muitos já o experimentaram, desde o estudioso do século XVII Gabriel Naudé até Aby Warburg. Vários episódios são aqui relatados, misturados com fragmentos de uma autobiografia involuntária. Segue-se um perfil do breve momento em que certas revistas, entre 1920 e 1940, atuaram como polinizadores da literatura, e uma crónica do emblemático nascimento da recensão, quando Madame de Sablé se viu na situação embaraçosa de dar publicamente conta das Máximas do seu querido e sensível amigo La Rochefoucauld. Por fim, o tema da arrumação reaparece no último ensaio desta coletânea, desta vez aplicado às livrarias de hoje, para as quais é uma questão vital e quotidiana.
Emanuele Coccia Documenta 2019 | 9789898902610 | 228 pp. Entre os catorze e os dezanove anos, fui educado num liceu agrícola da província, isolado nos campos da Itália central. Estava lá para aprender um «verdadeiro ofício». Desse modo, em vez de me consagrar ao estudo das línguas clássicas, da literatura, da história e das matemáticas, como faziam todos os meus amigos, passei a minha adolescência mergulhado em livros de botânica, de patologia vegetal, de química agrária, de cultura hortícola e de entomologia. As plantas, as suas necessidades e doenças, eram o objecto privilegiado de todo o estudo nessa escola. Esta exposição quotidiana e prolongada a seres que estavam, inicialmente, tão distantes de mim marcou de forma definitiva a minha visão do mundo. Este livro é a tentativa de ressuscitar as ideias nascidas nesses cinco anos de contemplação da sua natureza, do seu silêncio, da sua aparente indiferença a tudo o que chamamos cultura. […] A planta encarna o laço mais estreito e…
João Barrento Edições do Saguão 2022 | 9789895329151 | 352 pp. «Nos ensaios que compõem este volume, o leitor – tal como eu próprio, ao escrevê-los – encontra-se sempre com Walter Benjamin em espaços nos quais o pensamento se demora em zonas de passagem, limiares que, espera-se, permitirão vislumbrar alguns núcleos importantes da sua Obra. No movimento de um pensamento como o de Benjamin – que, de facto, é móvel e move, é enigmático e luminoso – é sempre mais significativa a deambulação por essas zonas de abertura do que a passagem da linha de fronteira que delimita problemas, com a pretensão de chegar à sua solução e fixação. Benjamin e o seu método de pensar participam em alto grau da natureza do que é a um tempo oblíquo e transparente, configurando-se num modo de pensamento essencialmente prismático. Prismas poderia também ter sido o título deste livro, se Adorno o não tivesse já dado a um dos seus. Os ensaios que aqui…
Johann Wolfgang Goethe Edições do Saguão 2022 | 9789895329144 | 164 pp. «O ensaio sobre a metamorfose das plantas é uma obra cuja trama se constrói sobre as inúmeras observações realizadas por Goethe em torno do crescimento das plantas, apontando para a determinação das leis da sua formação e transformação. Esse propósito é concretizado pelo dar conta das constâncias visíveis nesse crescimento, expressas na dinâmica expansiva e contractiva que caracteriza o espaço do próprio crescimento, dotando-o de uma figura identificável. Dos seus parágrafos é necessário reter, em primeiro lugar, que a reprodução (a produção do semelhante) é o alvo, o grande objectivo do processo de crescimento […]; na base desta ordenação temporal sucessiva encontram-se dois grandes ritmos polares: o de contracção e o de expansão. Deparamos aqui com uma das versões do tema da economia da natureza integrada em questões de constituição de uma teoria morfológica. […] Em segundo lugar, concluímos que o processo de crescimento e o processo de reprodução levam…
Maggie Nelson Orfeu Negro 2022 | 9789899071506 | 182 pp. ARGONAUTAS transporta-nos numa viagem em torno do desejo e da identidade de género, das possibilidades do amor, da família e da maternidade. Através de um relato íntimo e fragmentário, Maggie Nelson incorpora nas suas experiências perspectivas teóricas de autores como Roland Barthes, Judith Butler, Gilles Deleuze e Ludwig Wittgenstein, esbatendo as fronteiras entre o ensaio e a memória, o político, o filosófico, o estético e o pessoal. No centro deste fluxo de pensamento está a sua relação amorosa com o artista Harry Dodge, a família que esta união configura e a viagem que empreendem os seus corpos, em permanente devir: Harry submetendo-se às alterações físicas e hormonais de uma transição de género, Maggie engravidando e vivendo as transformações da gravidez. Uma obra de «autoteoria» e uma reflexão crua e oportuna sobre as políticas de identidade, o feminismo e a teoria queer.
Virginia Woolf Relógio D'Água 2022 | 9789897832673 | 496 pp. Reúnem-se aqui quarenta e oito ensaios da autora de As Ondas que nos falam de escritores como Jane Austen, Defoe, Henry James, Christina Rossetti, Conrad, Sterne, Thomas Hardy, Walt Whitman, Montaigne e dos russos que eram os seus favoritos, como Tolstói, Dostoievski e Turgenev. Virginia Woolf escreve ainda sobre a personagem ficcional, o romance gótico, histórias de fantasmas, o tempo passado em bibliotecas, a arte da biografia e a situação de estar doente. Assuntos como o cinema e as mulheres escritoras são também abordados, assim como o declínio da escrita ensaística, a crítica ou o modo como se deve ler um livro. Nos últimos ensaios, pairam já as sombras da II Guerra Mundial, como em «Pensamentos de Paz num Ataque Aéreo» (1942).
George Saunders Relógio D'Água 2022 | 9789897832765 | 440 pp. Nos últimos vinte anos George Saunders deu aulas sobre os maiores contistas russos aos seus alunos da Universidade de Syracuse, e neste livro partilha esses ensinamentos, reunidos ao longo dos anos, recorrendo a contos de Tchékhov, Turguénev, Tolstói e Gogol, através dos quais explica como funciona a ficção e a razão pela qual nestes tempos conturbados ela é mais relevante do que nunca.
Ana Rita Alves Tigre de Papel 2021 | 9789895486151 | 170 pp. Partindo de uma revisão e análise críticas de (con)textos políticos, académicos e mediáticos, este livro procura compreender como se tem (re)construído historicamente a relação entre periferia, direito à habitação e raça/racismo no Portugal contemporâneo. Nas páginas deste livro encontrar-se-á, de certa forma, o início do fim do Programa Especial de Realojamento (PER), traduzido na dilaceração e na resistência de uma comunidade histórica, à altura maioritariamente negra, na cidade da Amadora: o bairro de Santa Filomena. E, se é verdade que a história de um lugar particular não possibilita narrar na totalidade um programa de âmbito nacional/metropolitano, com especificidades territoriais indiscutíveis, a história que aqui se reconta não deixa de ser paradigmática de como o Estado português tem pensado e gerido populações negras, Roma/ciganas e imigrantes empobrecidas no espaço urbano –, ilustrando racionalidades eurocêntricas que urge repensar.
Masanobu Fukuoka Via Óptima 2001 | 9789729360152 | 208 pp. "O agricultor tornou-se atarefado demais quando começámos a estudar o mundo e a decidir que seria bom fazer isto ou fazer aquilo. Toda a minha pesquisa se baseou em não fazer isto ou não fazer aquilo. Estes trinta anos ensinaram-me que os agricultores estariam numa situação bem melhor se não fizessem praticamente nada." Nesta obra, além de descrever a agricultura selvagem em si, Fukuoka relata os acontecimentos que o levaram a desenvolver o seu método e o impacto deste na terra, em si próprio e nas pessoas a quem o ensinou, explicando a razão que o leva a acreditar que ele oferece um modelo de sociedade prático e estável baseado na simplicidade e na permanência. Partindo do princípio de que curar a terra e purificar o espírito humano são a mesma coisa, "A Revolução de Uma Palha" tem por objectivo mudar as nossas atitudes para com a Natureza, a agricultura, a alimentação…
Tomás Maia Documenta 2022 | 9789895680139 | 240 pp. Na era do capital fictício é a própria ficção que é capital e que é o capital. Eis por que razão a arte — pela primeira vez na sua história — está a ser destruída no seu ser: o conceito operante do capitalismo financeiro é o mesmo pelo qual a arte se deixou pensar ao longo do seu percurso milenar: em grego, mimesis, em latim, fictio. «Arte contemporânea e capitalismo financeiro: se a primeira das duas designações tomará apenas o significado de índice histórico (pois interrogá-la em si mesma motivaria um outro livro), já a segunda será objecto de um prolongado exame (religioso e metafísico). Com efeito, trata-se sobretudo de tornar inteligível o modo como, na era contemporânea da história da arte (sobretudo a partir dos anos setenta do século passado), a criação artística começou a comprometer-se com a financeirização da economia (e o predomínio da finança coincide, precisamente, com o advento da…
Geoffroy de Lagasnerie BCF 2022 | 9789895339815 | 84 pp. «E se precisássemos de nos apoiar em princípios completamente diferentes para pensar a sexualidade e a luta contra as violências sexuais nos dias de hoje? É o que nos propõe Geoffroy de Lagasnerie neste texto que tem por objectivo transformar o espaço de discussão sobre as principais questões da política da sexualidade: a dominação, o consentimento, as zonas cinzentas, a influência, a impunidade, a perspectiva das vítimas. Um livro que lança as bases de uma concepção renovada, pluralista, libertadora e não repressiva do corpo, do desejo e da lei.»*O livro é a versão desenvolvida de uma conferência proferida por ocasião de colóquio «Édouard Louis: Escrever a violência», ocorrido na Cidade Universitária de Paris, a 19 de Junho de 2021.
Autores deste número: Amanda Booth, Agustín García Calvo, Charles Reeve, Corsino Vela, Eloy Santos, Erick Corrêa, Fernando Gonçalves, Francisco Norega, Gary Snyder, Jan Zwicky, Joëlle Ghazarian, Jorge Leandro Rosa, José Janela, Júlio do Carmo Gomes, Lina Kostenko, Luciano Moreira, Luísa Assis, M. Ricardo de Sousa, Manuel Rodrigues, Maria Manuel Restivo, Mauricio Centurion, Michael S. Harper, Miguel Brieva, Nik Holliman, Pedro Morais, Quim Sirera - Apesar da proximidade temporal com as barbaridades bélicas (a Guerra dos Balcãs foi há apenas trinta anos), a guerra parecia ter desaparecido do nosso horizonte, «orientada» para paragens mais distantes. Mas o ciclo infernal das desmesuras europeias voltou à carga, não lhe sendo estranho o insistente expansionismo para leste do capital ocidental, que pretende manter a sua hegemonia, a começar pela do poderio militar-nuclear. O n.º 9 da Flauta de Luz abre com três artigos sobre a guerra na Ucrânia, procurando situar as estranhezas que configuram o mais recente conflito europeu, terrível indicador do grau de impossíveis atingido…
Gilles Deleuze Barco Bêbado 2022 | 193 pp. Ora, Proust e os Signos, na sua durée bergsoniana, na sua duração de pensamento e expressão escrita , mais do que uma não-eucronia, oferece-nos a imanência da ontologia deleuziana, isto é, o indivíduo que escreve e afirma o seu pensamento não de uma forma lógica mas como construção de um documento sensível (plano de composição da arte ou plano da imanência da filosofia), um objecto temporal (no sentido da duração da produção sensível - poética - e da fruição - estética - de uma obra de arte) que, pela sua própria metamorfose estilística e pela sua criação conceptual, afirma o pensamento, Luís Lima.
Paul Mason Objectiva 2022 | 9789897845079 | 392 pp. Do autor de Pós-Capitalismo e Um Futuro Livre e Radioso, um manual para resistir coletivamente ao avanço da extrema-direita. Num momento de tensão geopolítica e de incerteza económica global, uma ideia transforma-se em evidência: o fascismo não é uma coisa do passado. À medida que a situação da Humanidade se agrava, os movimentos de extrema-direita ganham força, como um pesadelo coletivo recorrente. Para combater este sistema, temos de compreender o seu percurso, as suas raízes psicológicas na sociedade, a teoria política que lhe dá forma e as condições que o permitem. Acima de tudo, diz Mason, temos de entender o fascismo como um sintoma do inquestionável falhanço do capitalismo. Em Como Travar o Fascismo, Paul Mason, jornalista, professor universitário e ativista britânico, conta a história deste fenómeno político, faz um retrato arrepiante do seu movimento contemporâneo e traça um plano radical e otimista para derrotar a extrema-direita no século XXI. Das cinzas de…
bell hooks Orfeu Negro 2018 | 9789898868343 | 320 pp. "Nenhum outro grupo na América teve a sua identidade tão rasurada da sociedade quanto as negras. Raramente nos reconhecem como grupo autónomo e distinto dos negros, ou como parte integrante, nesta cultura, do grupo alargado de mulheres. Quando se fala de gentes negras, o sexismo opõe-se ao reconhecimento dos interesses das mulheres negras; quando se fala de mulheres, o racismo opõe-se ao reconhecimento dos interesses das mulheres negras. Quando se fala de gentes negras, a atenção tende a recair nos homens negros; quando se fala de mulheres, a atenção tende a recair nas mulheres brancas." bell hooks
Hannah Arendt e Giorgio Agamben Antígona 2021 | 9789726084051 | 72 pp. Um diálogo entre décadas e fronteiras, tão central no pensamento dos dois autores como urgente à luz dos muros e arames farpados que se erguem diante dos nossos olhos. Em 1943, em fuga da Alemanha nazi e exilada nos Estados Unidos, Hannah Arendt escrevia, na língua do país que a acolhera, o ensaio Nós, Refugiados, publicado na revista judaica The Menorah Journal. Nele abordava a crise de identidade do povo judeu, problematizando a condição do refugiado e as alardeadas virtudes da sua assimilação. Meio século depois, em Para Lá dos Direitos do Homem, publicado inicialmente no jornal Libération, Giorgio Agamben dialogava com o texto de Arendt para reflectir sobre o embaraço político e o próprio significado da figura do refugiado. no presente volume recupera-se este diálogo entre décadas e fronteiras, tão central no pensamento dos dois autores como urgente à luz dos muros e arames farpados que se erguem.
Peter Sloterdijk Relógio d'Água 2022 | 9789897832291 | 96 pp. Em que tempo vivemos quando as fake news perturbam até os políticos mais experimentados, os eleitores aceitam a incompetência e a mentira é transformada em verdade oficial por vários governos? Os ensaios reunidos neste livro abordam temas atuais, a emigração, o avanço dos populismos e da sua visão simplista do mundo, os meios de comunicação, a linguagem e a coesão social. O mais importante filósofo europeu atual desvenda o funcionamento das modernas sociedades capitalistas, discutindo o senso comum e as ideias preestabelecidas.