Conceição Evaristo Orfeu Negro 2024 | 9789899225039 | 160 pp. Quinze contos de gozo-pranto. Em cada história uma promessa quebrada, lágrimas safadas, balas misturando-se entre a algazarra infantil, corpos tombados – «Aprontou, dançou!» –, rios caudalosos em vez de olhos. São ficções na vertigem da pobreza, na bagatela da violência – «Um tapa, dois tapas, três tiros…» – e um mergulho fundo na escrevivência de Conceição Evaristo. Obra vencedora do Prémio Jabuti
Conceição Evaristo Orfeu Negro 2024 | 9789899225046 | 160 pp. Juventina Maria Perpétua sentou-se a escrever a canção da sua vida. Canção para ninar menino grande é um romance povoado por vozes femininas que habitam o passado e as muitas geografias de Fio Jasmim – o jovem ajudante de maquinista que percorre a região. De cidade em cidade, de solidão em solidão, a partitura vai-se compondo com as histórias entrelaçadas destas muitas mulheres, e dos seus amores. Mas a repetição que fica no ouvido é a dos afectos abandonados, dos filhos sem pai, dos esquecimentos inofensivos, que Fio Jasmim deixa pelo caminho. Conceição Evaristo entra no território da masculinidade esvaziada e sem-rumo de homens-meninos e faz dele uma canção para mulheres livres.
Mia Couto Editorial Caminho 2024 | 9789722133111 | 328 pp. O primeiro incidente militar numa aldeia do Norte de Moçambique marca, em agosto de 1914, o início da Primeira Guerra Mundial no continente africano. Esse inesperado episódio despoleta, para além disso, uma série de misteriosos eventos que culminam com o desaparecimento da escrita no mundo. Livros, relatórios, documentos, fotografias, mapas surgem deslavados e ninguém mais parece ser capaz de dominar a arte da escrita. Os habitantes dessa aldeia são chamados a restabelecer a ordem no mundo, ensinando aos europeus o ofício da escrita e as artes da navegação.
Carlos Mota de Oliveira Húmus 2024 | 9789897559617 | 120 pp. Mas Carlos Mota de Oliveira sempre se riu disto e fez o seu caminho como poucos. Eterno náufrago que ri, cada livro que publica é como uma machadada no tronco da árvore que é Portugal. Claudicante e sedutor, culto e refinado, com um humor aristocrático, viajante inveterado, ele tanto pode estar no Chile a olhar o céu estrelado como em Cacela-a-Velha a comer umas ostras. Vituperador elegante, o poeta de “Pela Pátria” é um actor essencial na cena da literatura portuguesa de hoje, quer queiram, quer não. Manuel da Silva Ramos
Anabela Mota Ribeiro Quetzal 2023 | 9789897229190 | 280 pp. Escrito em grande parte durante o confinamento e a doença, e concluído após uma longa gestação, O Quarto do Bebé é um romance autoficcional em forma de diário íntimo. Depois da morte de um conhecido psicanalista, a filha, sua única herdeira, encontra entre os papéis que ele deixou o diário de uma paciente. Tem título - Fala Orgânica - e está assinado: Ester do Rio Arco. O que começou por ser uma curiosidade transformou-se numa obsessão e objeto de leitura compulsiva. Neste manuscrito, a filha do psicanalista vai encontrar não apenas uma forma de conviver com o pai, como também inúmeros pontos de identificação com a paciente dele. Os temas são os do dia a dia do isolamento e da doença, a escrita, o corpo, a mutilação, a relação com a mãe e com as origens, a ligação profunda a uma amiga (figura tutelar e espécie de mãe de Ester) e a…
Manuela Gonzaga Bertrand Editora 2023 | 9789722545785 | 496 pp. Aqualtune, a filha predileta de Garcia Afonso, marquês de Kiowa, futuro rei D. Garcia Afonso II do Kongo, nasce na vizinhança da floresta do Mayombe onde passa uma infância idílica. O seu sonho é ser uma grande guerreira, a maior de todas. Nzinga, a mítica rainha do Ndongo e da Matamba que enfrenta de armas na mão os Conquistadores, é a sua fonte de inspiração. Com uma extraordinária galeria de personagens, o romance ilustra o complexo xadrez político da época. As redes escravocratas dominam o panorama, sob o omnipresente olhar da Igreja Católica e a presença constante das potências europeias. Destinos cruzados, paixões proibidas, amores fatais, ligações que o tempo e a distância não destroem, presságios, guerras e jogos de poder… Numa narrativa vertiginosa, profundamente alicerçada em factos reais, a fantasia toma corpo de verdade e esta evoca ficções improváveis. Apaixonante e Imperdível. O muito aguardado regresso de Manuela Gonzaga, num romance…
Hugo Gonçalves Companhia das Letras 2023 | 9789897849251 | 504 pp. Um disparo perfura a noite na serra de Sintra, durante um jantar da família Storm, e a matriarca sabe que perdeu um dos três filhos. O epicentro do colapso tem origem muitos anos antes, entre o fim da ditadura e os primeiros tempos da revolução. Maria Luísa, a filha mais velha, opositora clandestina do regime, é perseguida pela PIDE. Frederico, o filho mais novo, está obcecado em perder a virgindade antes de ser mobilizado para a guerra colonial. E Pureza, a filha do meio, vê os seus sonhos de uma perfeita família tradicional despedaçados pelo processo revolucionário em curso. Revolução acompanha a família Storm, do desmoronar do império ao despertar da democracia, ao longo dos rocambolescos, violentos e excessivos meses do PREC, quando a esperança e o medo dividem os portugueses, separando filhos e pais, colocando irmãos em lados opostos da barricada. Um romance, a tempos trágico, a tempos cómico, sobre a…
Fernando Madureira Língua Morta 2023 | 9786120014943 | 344 pp. Recolha de textos de Fernando Madureira. Organização, prefácio e antologia de Nuno dos Santos Sousa.
Rafael Sousa Santos VS. Editor 2023 | 9789899105171 | 84 pp. «Densamente entrelaçadas umas nas outras, estas diferentes histórias primam pelo trabalho sobre a repetição, encenando todas elas um confronto que, no fim, nunca chega a ter lugar, com a narrativa a encontrar um ponto de suspensão onde se desfaz. Assim, o humor que desta obra resulta é a prova maior do disparate que coordena o acaso dos assuntos humanos.» JÚRI DA 1.ª EDIÇÃO DO PRÉMIO VS. – ERNESTO SAMPAIO, 2022.
Frederico Neves Parreira Língua Morta 2023 | 9786120014745 | 212 pp. Segundo livro de Frederico Neves Parreira na Língua Morta, após o surpreendente Outro Éden.
Manuel Alberto Vieira 2023 Romance breve ou novela, Um Pássaro no Arame é um livro sobre a face escura da infância e que deixa o leitor ante um abismo no qual se adivinham actos de profunda violência, do qual surgem ecos e se vislumbram relâmpagos, mas o caminho é apenas um: em diante, sem pisar a violência nem nela mergulhar.
Maria Velho da Costa Assírio & Alvim 2023 | 9789723722550 | 436 pp. Lúcialima (1983) é um romance onde «ninguém se encontra»: Lúcia, criança cuja cegueira e fala difícil a condicionam a procurar um outro real à sua volta, conversa com o misterioso Éukié. Lima, homem da guerra, vive dentro dos seus pensamentos de modo a escapar ao que o rodeia. No seu estilo inconfundível, experimental, Maria Velho da Costa desafia-nos a desenovelar a trama onírica das muitas personagens desta história, habitada pelos (muito reais) traumas do passado colonial e do 25 de Abril.
Madalena Sá Fernandes Companhia das Letras 2023 | 9789897849596 | 168 pp. A história crua de uma relação tóxica. Uma narrativa que não deixa pedra sobre pedra nos pilares da resiliência de uma criança subjugada ao negro poder do seu padrasto. Leme é o relato da vivência de uma rapariga que assiste, durante anos, à erosão dos pilares que sustentam as ligações humanas: vê a mãe subjugada à violência do homem com quem mantém uma relação amorosa disfuncional; vive na pele a distorção dos papéis desempenhados por pais e filhos; alimenta-se da solidão para ultrapassar um quotidiano de medo e fúria; disputa um lugar só para si no meio do caos familiar; aprende a reconhecer o consolo das pequenas vitórias; e, por fim, reconstrói-se a si e às suas memórias. Nenhuma criança conhece de antemão os nomes das coisas, mas todas as crianças reconhecem instintivamente o perigo. Para a protagonista desta história, o perigo tem o nome de um homem, e é sinónimo…
Maria João Lopo de Carvalho Sibilia Publicações 2023 | 9789895348657 | 352 pp. Elas ousaram ser médicas, advogadas, jornalistas, professoras universitárias, cineastas, intelectuais, numa época em que essas actividades estavam proibidas às mulheres. Desobedecendo aos estereótipos do «feminino», dizendo-se ou não feministas, elas fizeram avançar o mundo. Foram pioneiras, desbravadoras, valentes, ousadas e solidárias. A escritora Maria João Lopo de Carvalho investigou a fundo a vida e a obra de doze extraordinárias portuguesas que fizeram a travessia do século XIX para o século XX e da Monarquia para a República. São elas Maria Amália Vaz de Carvalho, Carolina Michaëlis de Vasconcelos, Angelina Vidal, Adelaide Cabete, Domitila de Carvalho, Ana de Castro Osório, Virgínia de Castro e Almeida, Carolina Beatriz Ângelo, Virgínia Quaresma, Irene Lisboa, Regina Quintanilha e Maria Lamas.
Várias autoras Sibila Publicações 2023 | 9789895348602 «Sendo as autoras aqui representadas nascidas entre 1831 e 1982, ou seja, separadas entre si por mais de um século e meio, e, como tal, apresentando-nos narrativas que se inserem em diversos estilos e sujeitas a diversos dogmas sócio-histórico-culturais, seria expectável que encontrássemos uma variedade temática que representasse a distância temporal entre estas. Surpreendentemente, podemos identificar dois temas constantes em todos os textos, de forma implícita ou explícita: um deles refere-se à incapacidade masculina de corresponder ao amor feminino. O segundo, de certa forma relacionado com o primeiro, aborda a violência e a subjectivação do espaço feminino, seja este físico ou cultural.» Da introdução de Deolinda M. Adão
José Mora Ramos Partenon 2022 | 9789898845368 | 486 pp. O Baú dos Papelinhos de Dona Inácia, Prazeira de Manica é uma revisitação ficcionada da fase final do colonialismo português em Moçambique, através da construção da vida de Inácia, mulher determinada, independente, corajosa, leitora obsessiva de tudo o que podia, assim minimizando o isolamento do mundo em que a colónia vivia. Inácia, mulher muito à frente do seu tempo, nunca poderia ter existido naquele Moçambique, naquele tempo, mas se o pudesse teria sido como a neta, Carolina, a imaginou, ao narrar a sua vida a partir do acervo dos escritos em papelinhos soltos, deitados pela avó, ao longo de cinquenta anos, para dentro do baú de chanfuta. Chegada a Lourenço Marques em 1926, para casar por fotografia, assim procurando fugir à miséria e à vida sem horizontes a que em Portugal estava destinada, Inácia vive os primeiros anos na capital, depois no Xai-Xai, mais tarde em Manica, onde se torna dona de uma…
José António Almeida Não Edições 2021 | 9789895470891 | 140 pp. Depois de A ANGÚSTIA DA AZEITONA ANTES DE SE TRANSFORMAR EM LUZ (reflexões) e de POUCA TINTA (poesia reunida), é editado o livro A VIDA DE HORÁCIO E OUTRAS FICÇÕES, que reúne o trabalho de José António Almeida no campo da ficção. Com este volume completa-se um ciclo de reunião de textos do autor, publicados dispersamente ou em livro, alguns deles fora de circulação e agora devolvidos ao leitor. A VIDA DE HORÁCIO E OUTRAS FICÇÕES inclui um texto inédito que lhe serve de prefácio, "Magnólias, alfinetes e agulhas", e conta com capa de Luís Henriques.
José Miguel Gervásio Língua Morta 2022 | 224 pp. "Os monstros que me acompanham lancei-os numa especial pista de dança, libertando-me da singularidade do seu peso na medida em que lhes dei uma voz para que sentissem tudo, tudinho em volta. As "Valsas" são delas e deles. Pois que dancem, que pulem, que gritem, que enlouqueçam, que façam amor nos jardins da cidade se assim lhes apetecer. No final tudo acaba bem, abraçados os mortos aos vivos a cantar."
Gonçalo M. Tavares Bertrand Editora 2022 | 9789722535717 O Diabo, pela mão de Gonçalo M. Tavares, vem juntar-se ao mundo literário das Mitologias, um universo habitado por personagens que se movem num tempo e espaço indeterminados onde o referencial é aquilo que nos vai sendo contado. Aqui a verdade científica e a sua lógica pouco importam. Dotados dessa ampla liberdade, os leitores deambulam entre narrativas fantásticas que tanto actualizam explicações para um mundo em que vivemos como retratam traços marcantes da natureza humana que o habita. É um espaço imaginário onde, entre muitos outros, se entrecruzam o diabo, a escola, os corvos e o trator, as palas com todas as suas limitações e virtualidades, o cemitério de aviões e a loucura, os direitos dos homens, o Grande-Armazém, o Povo-Armazenado, os três fios vermelhos, os Doze-Apóstolos, a canalização, os piolhos, o crânio de Olga, os nomes, Paris, os Nómadas, o Comboio e os Meninos, o Homem-que-Quando-Fala-Não-se-Entende-Nada, o crescimento de Alexandre (a linha recta).…
Francisco José Viegas Porto Editora 2022 | 9789720034700 | 336 pp. Ao longo de um ano, entre um encontro literário na Póvoa de Varzim e o início da pandemia, ninguém soube do paradeiro de Cristina Pinho Ferraz, escritora extravagante, premiada e temida. Até que, nos jardins românticos do Palácio de Cristal, no Porto, a coberto da copa das árvores, apareceu um corpo enterrado sob a terra, dividido em várias partes. Porém, a nova investigação do inspetor Jaime Ramos (que entretanto fora substituído na divisão de homicídios) não começa com a descoberta desse cadáver; pelo contrário, obriga-o a recuar no passado, a ouvir testemunhos sobre vaidade, vingança, literatura e ambição, e também histórias de família ou de amor e melancolia. Enquanto o confinamento se espalha sobre vivos e desaparecidos, Jaime Ramos reconstitui a biografia daquela mulher e a história de uma família e de uma genealogia do poder nas margens da tradição judaica portuense, confrontando-se mais uma vez com as suas obsessões: a…
Carlos César Pacheco Língua Morta 2022 | 9789893333747 | 64 pp. A narrativa descreve uma sociedade que foi originalmente concebida como uma utopia mas que correu mal (uma distopia) ou uma sociedade que foi, desde o início, desenhada para vir a ser aquilo em que se tornou (uma anti-utopia). [Ezequiel Nunes]
António Amargo Xerefé 2022 | 9789895494842 | 157 pp. Num volume graficamente muito cuidado, a editora Xerefé reuniu vários textos de uma figura ilustre do jornalismo e das letras da Figueira da Foz, hoje pouco conhecida. António Amargo, pseudónimo de António Correia Pinto de Almeida, nascido em 1896 (no Rio de Janeiro), foi fundador do jornal satírico “O Palhinhas” e colaborou com diversos outros periódicos, locais e nacionais, espalhando textos que hoje se afiguram preciosos para compreendermos as primeiras décadas do século passado. Aos textos juntam-se ilustrações de André Ruivo, Marta Madureira, Rita Carvalho e Sebastião Peixoto, para além de uma apresentação de Ana Biscaia e várias informações bio-bibliográficas.
Ushio Amagatsu VS. 2022 | 9789899105003 | 40 pp. Diálogo com a Gravidade, prosa poética que podia ao mesmo tempo ser uma carta a um jovem bailarino, é, no fundo, um manual acerca da dança, uma reivindicação de que «o corpo existe» e encontra a sua «expressão numa tensão física».
Rui Conceição Silva Visgarolho 2021 | 9789895316700 | 351 pp. Quantos silêncios e quantos sonhos cabem no peito de um homem? Nascido para ser pastor, Rodrigo viveu a infância com os seus pais e irmãos numa velha cabana isolada na montanha, tendo desde cedo aprendido o silêncio, bem como a dor e a saudade, pela morte do irmão mais velho na guerra do ultramar. Os seus melhores dias foram passados na montanha com o avô Josué, a quem chamavam Celtibero, e na escola primária, onde conheceu os primeiros amigos e se deixou enfeitiçar por uma moira encantada. Rodrigo sonhava para si uma vida diferente, o avô incentivava-o a contrariar um destino que parecia certo, incitava-o a partir e correr mundo. Ouviu palavras idênticas a um homem que apareceu na montanha a tocar um tambor para os ancestrais.
Paulo Moreiras Visgarolho 2021 | 9789895316717 | 187 pp. O Caminho do Burro é uma antologia dos melhores contos escritos por Paulo Moreiras, entre 1996 e 2017, que andavam dispersos por diversas publicações, algumas hoje esquecidas ou de difícil acesso. Contos onde o picaresco e a malícia do povo português andam de braço dado com as invejas e as cobiças de gente ruim e sem escrúpulos. Uns à procura de uma vida melhor, do amor, da amizade e outros a engendrar estratagemas a fim de estragar os bons planos do vizinho. Um retrato irónico, mordaz e cheio de humor sobre as grandezas e misérias de ser português, com os seus toques de malandro, pinga-amor e desenrascado. Tudo embrulhado pela riqueza vocabular a que Paulo Moreiras já nos habituou. Contos para comer, beber e rir por mais, que assim se dizem as verdades.
Leonel Gomes Casqueira Visgarolho 2021 | 9789895316724 | 204 pp. A Poeira dos Ossos, estreia literária de Leonel Gomes Casqueira, é composto por um conjunto de contos desconcertantes e de grande originalidade, onde uma mundana galeria de personagens se debate com os universais temas da procura do amor, da partilha de afetos, da corporeidade grosseira das paixões e da demanda por aceitação; em situações que roçam por vezes o cómico e o absurdo.
Vários autores Visgarolho 2022 | 9789895316731 | 386 pp. Esta coletânea de Contos e Crónicas é fruto do projeto artístico Mapas do Confinamento. Usando as novas tecnologias para colmatar as distâncias, tem apostado em traduções para francês e inglês, com possibilidades de se abrir a outras línguas. Foi no pico da pandemia que os escritores portugueses Gabriela Ruivo Trindade e Nuno Gomes Garcia convidaram mais de uma centena de artistas de todos os países de língua portuguesa para desenharem em conjunto a cartografia da pandemia. Uma colaboração que visa registar, para memória futura, o modo como esta pandemia os afetou enquanto seres humanos e artistas, mas também as cicatrizes deixadas no tecido social de países como Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e muitos outros territórios onde estes artistas residem, tais como a França, o Reino Unido, os Estados Unidos, a Suíça, a Holanda e a Bélgica.
Maria Filomena Mónica Relógio D'Água 2022 | 9789897832420 | 216 pp. Esta é a história de duas mulheres de diferentes gerações que fizeram parte da vida da autora. A primeira, a sua avó, foi adolescente nos loucos anos 20; a segunda, a sua mãe, viveu sob o salazarismo. Maria Filomena Mónica, que atravessou as mudanças de Abril de 1974, avalia essas duas mulheres através de recordações, cartas, diários, fotografias e outros documentos.
Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa D. Quixote 2022 | 9789722074896 | 480 pp. Edição especial comemorativa dos 50 anos de um livro que é um marco inquestionável na história da literatura portuguesa. «É tal a rotura introduzida pelas Novas Cartas Portuguesas que a sua primeira abordagem só pode ser feita à luz do que elas não são. Não são uma colectânea de cartas, embora se reconheça nelas o estilo tradicionalmente cultivado pelas mulheres em literatura. Não são um conjunto de poemas esparsos, embora em poesia se converta toda a realidade retratada. Não são tão-pouco um romance, embora a história vivida (ou imaginada) de Mariana Alcoforado lhes seja a trama principal. São talvez um pouco de tudo isso. E ainda mais […]. Porque rompem, extravasam. Daí que as Novas Cartas Portuguesas se caracterizem antes de mais pelo excesso. Excessivas as situações, excessivo o tom, excessivas as repetições dum mesmo acto, excessivo afinal todo o livro que vai terminando sem realmente…
António Ferro E-Primatur 2021 | 9789898872791 | 692 pp. A produção literária de António Ferro faz dele provavelmente o único escritor modernista português a focar-se maioritariamente na prosa. António Ferro foi o jovem editor da revista Orpheu. A sua ligação ao modernismo vinha do convívio com Mário de Sá-Carneiro e outros jovens. A sua primeira fase de escritor focou-se no modernismo, tendo escrito poesia, teatro e, sobretudo, prosa ficcional. A ficção de António Ferro está centrada exclusivamente nos anos 20 do século XX. Fundamentalmente composta por contos e novelas curtas, centra-se na figura feminina, que, para o autor, encarna a novidade da época moderna. Vamps, galãs e carrões enchem os seus contos e novelas. Os contos e novelas de António Ferro fazem a perfeita travessia dos temas tradicionais da ficção da época para o estilo e a mentalidade modernas. Nisso é um escrito único cujo paralelo possível entre os escritores vanguardistas da época está, de forma quase exclusiva, nas obras de Ramón…
Ana Marques Gastão BookBuilders 2021 | 9789898973290 | 116 pp. Uma novela enigmática sobre a também enigmática relação entre uma mulher e o mundo. Libbie-Emília fica condenada a ver, a não fechar os olhos. A não dormir? A não sonhar? A narrativa, em dez actos, reflecte sobre o desejo, a morte, o tempo, o desajustamento, a imaterialidade das coisas. Matias, Megan, Olímpia, Helena Pyr, a Mulher-Gautama, Dante sem cabeça, Larry, Lora, Ágata, Ctónia, Deboni, Boaxi, John, Sávia, Badoloni, os sem-ouvidos, os seres-granadas, entre outras vozes, dão as mãos nesta dança da escrita. A Mulher sem Pálpebras descreve o itinerário de um corpo ao lado de tantos outros, também o dos poetas, dos artistas, dos místicos. «Interessa, o agora. Essa hora. Aqui. Libbie olha para baixo sem pálpebras. Os pés também não podem ver em excesso, tropeçam, enrolam-se um no outro. O ruído das botas vinha de cima como se as paredes não existissem e o chão fosse transparente. Para isso servem os…
Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta Dom Quixote 9789722040112 | 464 pp. «Reescrevendo, pois, as conhecidas cartas seiscentistas da freira portuguesa, Novas Cartas Portuguesas afirma-se como um libelo contra a ideologia vigente no período pré-25 de Abril (denunciando a guerra colonial, o sistema judicial, a emigração, a violência, a situação das mulheres), revestindo-se de uma invulgar originalidade e actualidade, do ponto de vista literário e social. Comprova-o o facto de poder ser hoje lido à luz das mais recentes teorias feministas (ou emergentes dos Estudos Feministas, como a teoria queer), uma vez que resiste à catalogação ao desmantelar as fronteiras entre os géneros narrativo, poético e epistolar, empurrando os limites até pontos de fusão.» Ana Luísa Amaral in «Breve Introdução»
João Tordo Companhia das Letras 2022 | 9789897845390 | 320 pp. Aos sessenta anos, o romancista Jaime Toledo enfrenta vários problemas. Não escreve há uma década, foi diagnosticado com cancro e, de repente, dá por si no epicentro de um escândalo. Escritor de renome em Portugal, a polémica lança-o para o abismo - sem carreira, sem dinheiro e sem casa, com os livros a ganhar pó nos armazéns, depois de banidos pela sua editora, toma uma decisão radical: deixar tudo para trás e mudar-se para um barco decrépito, fundeado nas docas de Lisboa. É no Narcisse - um minúsculo «barco mágico» -, na companhia de uma velha guitarra e de um cão chamado Sozinho, que Jaime procurará devolver o sentido à sua vida, reconciliando-se com o passado: as relações conturbadas com as mulheres, o abandono da escrita, a culpa que o corrói. Até que, um dia, a aparição de uma figura do passado mudará tudo, desviando a narrativa para um lugar inesperado.…
João Melo Caminho 2022 | 9789722131582 | 256 pp. Uma arrasadora paródia metaliterária e político-social, que não deixa pedra sobre pedra: as teorias, instituições e poderes literários e culturais; o eurocentrismo; os supremacismos, identitarismos e todos os excessos da contemporaneidade; os falsos reformismos. Mestre da ironia e do humor, assim como das técnicas narrativas pós-modernas, João Melo extrema-se numa construção inesperada e magistral, interpelando tais tendências com coragem e, ao mesmo tempo, compaixão e desconstruindo deliberadamente um certo pós-colonialismo folclórico, que limita os autores africanos a escolhas locais e de preferência exóticas.
Alves Redol Caminho 9789722124102 | 360 pp. Avieiros é um romance lírico, de um lirismo doloroso e concreto. Documento e sonho vazados na matriz irregular de uma consciência, há nele um gosto fundo, autêntico e viril, de semear na companhia do povo um país para homens livres. Mas um lirismo rigoroso, digamos, sem romantismos fáceis, um pouco como os versos líricos que também moram nas tábuas de logaritmos ou nos foguetões interplanetários. Se confessar que este romance me aterrorizou, depois de me deslumbrar, digo a verdade inteira.
Raul Pereira Snob 2022 | 492096/21 | 355 pp. «No princípio era…» Desde Martulah, no Gharb, até ao Museu Soares dos Reis nos dias de hoje, somos levados a fazer uma viagem alucinante às raízes de Joana. Na imensa árvore genealógica da sua família cruzam-se árabes, judeus, cristãos-novos, reis, São Vicente (espelhado nos olhos de um corvo), combatentes e homens e mulheres trágicos. Com eles fazemos uma romagem à nossa ancestralidade, à génese da nossa história, da nossa língua. A epigénese catártica começa com Joana a sair do torpor de um pesadelo demasiado real. Simultaneamente, nós iniciamos a nossa, ao revisitarmos os pontos da história no locus onde nos violentamos: a penumbra da nossa identidade.DE GENERE é uma obra que nos traz ora a sátira ora a soturnidade que compõem o tecido emocional e afectivo das famílias portuguesas do dealbar do século XXI, que trazem a marca indelével da Guerra Colonial e os seus fantasmas.Raul Pereira chegou à Terra no Primeiro de…
M. Teixeira-Gomes Imprensa Nacional 2021 | 9789722729512 | 368 pp. Quatro obras de M. Teixeira-Gomes. Manuel Teixeira Gomes nasceu em 1860 em Vila Nova de Portimão e faleceu em 1941, em Bougie, na Argélia. Estadista e escritor, começou a sua carreira política como diplomata, vindo a ser Presidente da República em 1923-1925, quando o regime parlamentar atravessava alguns dos seus mais críticos momentos. Como diplomata (antes e depois do consulado sidonista, que o expulsou do corpo diplomático), coube-lhe enfrentar, o que fez com êxito, situações de grande melindre e complexidade, designadamente combater a hostilidade ou pelo menos a desconfiança das monarquias europeias (Inglaterra, Espanha) perante o regime republicano instaurado em Portugal e evitar o desmembramento, na Conferência de Paz, do império português após a Primeira Guerra Mundial. A sua acção como presidente da República não teve, porém, o mesmo sucesso, pois teve de enfrentar crises políticas (entre elas a de 18 de Abril de 1925) e animosidades pessoais que impossibilitaram a concretização…
Marcello Duarte Mathias D. Quixote 2021 | 9789722072908 | 72 pp. Constituído por seis andamentos, eis um verdadeiro exercício de estilo, no bom sentido da expressão. Manejando a língua com elegância e destreza, utilizando a memória para fazer sobressair o real a inventar, acumulando deduções, levantando hipóteses, ordenando factos, escolhendo disfarces, fechando alçapões, iniciando labirintos, confundindo o tempo e alinhando espaços, demorando-se no sonho, libertando-se do fútil, insistindo no belo, quase roçando o lirismo e salpicando a narrativa de intensos laivos eróticos, o autor presta, neste livro, uma notável homenagem à mulher amada. O pretexto é um quadro do pintor belga simbolista Fernand Khnopff. À medida que se demora na sua contemplação o espectador vai-se lentamente apoderando do retrato para o transformar à sua imagem, isto é, à imagem da mulher pretendida. E aqui começa a aventura.”
Madalena de Castro Campos Relógio D'Água 2021 | 9789897832017 | 152 pp. «(E veio uma daquelas épocas em que não tinha nada a que pudesse chamar casa, nem quarto nem cama nem lençóis, nada que fosse seu, nada que pela noite permitisse antecipar o dia seguinte, entre comboios, transbordos, voos desviados e escalas no meio do deserto. Lá fora era noite e seria noite, frio, fome, os horários trocados à procura do quarto que a amiga de uma amiga lhe prometera. Em volta falavam línguas que não dominava, obedeciam a códigos que só a custo começava a compreender e quando enfim algo ou alguém principiava a fazer sentido — a compreender por exemplo o que era ser mulher num mundo de homens, o que seria ser mulher por entre as mulheres, o que esperavam dela, o que poderia ela esperar dos outros — mudava de lugar e era obrigada a recomeçar do início. Procurar um quarto para alugar, fazer durar o dinheiro…