Conceição Evaristo Orfeu Negro 2024 | 9789899225039 | 160 pp. Quinze contos de gozo-pranto. Em cada história uma promessa quebrada, lágrimas safadas, balas misturando-se entre a algazarra infantil, corpos tombados – «Aprontou, dançou!» –, rios caudalosos em vez de olhos. São ficções na vertigem da pobreza, na bagatela da violência – «Um tapa, dois tapas, três tiros…» – e um mergulho fundo na escrevivência de Conceição Evaristo. Obra vencedora do Prémio Jabuti
Conceição Evaristo Orfeu Negro 2024 | 9789899225046 | 160 pp. Juventina Maria Perpétua sentou-se a escrever a canção da sua vida. Canção para ninar menino grande é um romance povoado por vozes femininas que habitam o passado e as muitas geografias de Fio Jasmim – o jovem ajudante de maquinista que percorre a região. De cidade em cidade, de solidão em solidão, a partitura vai-se compondo com as histórias entrelaçadas destas muitas mulheres, e dos seus amores. Mas a repetição que fica no ouvido é a dos afectos abandonados, dos filhos sem pai, dos esquecimentos inofensivos, que Fio Jasmim deixa pelo caminho. Conceição Evaristo entra no território da masculinidade esvaziada e sem-rumo de homens-meninos e faz dele uma canção para mulheres livres.
Mia Couto Editorial Caminho 2024 | 9789722133111 | 328 pp. O primeiro incidente militar numa aldeia do Norte de Moçambique marca, em agosto de 1914, o início da Primeira Guerra Mundial no continente africano. Esse inesperado episódio despoleta, para além disso, uma série de misteriosos eventos que culminam com o desaparecimento da escrita no mundo. Livros, relatórios, documentos, fotografias, mapas surgem deslavados e ninguém mais parece ser capaz de dominar a arte da escrita. Os habitantes dessa aldeia são chamados a restabelecer a ordem no mundo, ensinando aos europeus o ofício da escrita e as artes da navegação.
Carlos Mota de Oliveira Húmus 2024 | 9789897559617 | 120 pp. Mas Carlos Mota de Oliveira sempre se riu disto e fez o seu caminho como poucos. Eterno náufrago que ri, cada livro que publica é como uma machadada no tronco da árvore que é Portugal. Claudicante e sedutor, culto e refinado, com um humor aristocrático, viajante inveterado, ele tanto pode estar no Chile a olhar o céu estrelado como em Cacela-a-Velha a comer umas ostras. Vituperador elegante, o poeta de “Pela Pátria” é um actor essencial na cena da literatura portuguesa de hoje, quer queiram, quer não. Manuel da Silva Ramos
Anabela Mota Ribeiro Quetzal 2023 | 9789897229190 | 280 pp. Escrito em grande parte durante o confinamento e a doença, e concluído após uma longa gestação, O Quarto do Bebé é um romance autoficcional em forma de diário íntimo. Depois da morte de um conhecido psicanalista, a filha, sua única herdeira, encontra entre os papéis que ele deixou o diário de uma paciente. Tem título - Fala Orgânica - e está assinado: Ester do Rio Arco. O que começou por ser uma curiosidade transformou-se numa obsessão e objeto de leitura compulsiva. Neste manuscrito, a filha do psicanalista vai encontrar não apenas uma forma de conviver com o pai, como também inúmeros pontos de identificação com a paciente dele. Os temas são os do dia a dia do isolamento e da doença, a escrita, o corpo, a mutilação, a relação com a mãe e com as origens, a ligação profunda a uma amiga (figura tutelar e espécie de mãe de Ester) e a…
Manuela Gonzaga Bertrand Editora 2023 | 9789722545785 | 496 pp. Aqualtune, a filha predileta de Garcia Afonso, marquês de Kiowa, futuro rei D. Garcia Afonso II do Kongo, nasce na vizinhança da floresta do Mayombe onde passa uma infância idílica. O seu sonho é ser uma grande guerreira, a maior de todas. Nzinga, a mítica rainha do Ndongo e da Matamba que enfrenta de armas na mão os Conquistadores, é a sua fonte de inspiração. Com uma extraordinária galeria de personagens, o romance ilustra o complexo xadrez político da época. As redes escravocratas dominam o panorama, sob o omnipresente olhar da Igreja Católica e a presença constante das potências europeias. Destinos cruzados, paixões proibidas, amores fatais, ligações que o tempo e a distância não destroem, presságios, guerras e jogos de poder… Numa narrativa vertiginosa, profundamente alicerçada em factos reais, a fantasia toma corpo de verdade e esta evoca ficções improváveis. Apaixonante e Imperdível. O muito aguardado regresso de Manuela Gonzaga, num romance…
Hugo Gonçalves Companhia das Letras 2023 | 9789897849251 | 504 pp. Um disparo perfura a noite na serra de Sintra, durante um jantar da família Storm, e a matriarca sabe que perdeu um dos três filhos. O epicentro do colapso tem origem muitos anos antes, entre o fim da ditadura e os primeiros tempos da revolução. Maria Luísa, a filha mais velha, opositora clandestina do regime, é perseguida pela PIDE. Frederico, o filho mais novo, está obcecado em perder a virgindade antes de ser mobilizado para a guerra colonial. E Pureza, a filha do meio, vê os seus sonhos de uma perfeita família tradicional despedaçados pelo processo revolucionário em curso. Revolução acompanha a família Storm, do desmoronar do império ao despertar da democracia, ao longo dos rocambolescos, violentos e excessivos meses do PREC, quando a esperança e o medo dividem os portugueses, separando filhos e pais, colocando irmãos em lados opostos da barricada. Um romance, a tempos trágico, a tempos cómico, sobre a…
Fernando Madureira Língua Morta 2023 | 9786120014943 | 344 pp. Recolha de textos de Fernando Madureira. Organização, prefácio e antologia de Nuno dos Santos Sousa.
Rafael Sousa Santos VS. Editor 2023 | 9789899105171 | 84 pp. «Densamente entrelaçadas umas nas outras, estas diferentes histórias primam pelo trabalho sobre a repetição, encenando todas elas um confronto que, no fim, nunca chega a ter lugar, com a narrativa a encontrar um ponto de suspensão onde se desfaz. Assim, o humor que desta obra resulta é a prova maior do disparate que coordena o acaso dos assuntos humanos.» JÚRI DA 1.ª EDIÇÃO DO PRÉMIO VS. – ERNESTO SAMPAIO, 2022.
Frederico Neves Parreira Língua Morta 2023 | 9786120014745 | 212 pp. Segundo livro de Frederico Neves Parreira na Língua Morta, após o surpreendente Outro Éden.
Manuel Alberto Vieira 2023 Romance breve ou novela, Um Pássaro no Arame é um livro sobre a face escura da infância e que deixa o leitor ante um abismo no qual se adivinham actos de profunda violência, do qual surgem ecos e se vislumbram relâmpagos, mas o caminho é apenas um: em diante, sem pisar a violência nem nela mergulhar.
Maria Velho da Costa Assírio & Alvim 2023 | 9789723722550 | 436 pp. Lúcialima (1983) é um romance onde «ninguém se encontra»: Lúcia, criança cuja cegueira e fala difícil a condicionam a procurar um outro real à sua volta, conversa com o misterioso Éukié. Lima, homem da guerra, vive dentro dos seus pensamentos de modo a escapar ao que o rodeia. No seu estilo inconfundível, experimental, Maria Velho da Costa desafia-nos a desenovelar a trama onírica das muitas personagens desta história, habitada pelos (muito reais) traumas do passado colonial e do 25 de Abril.
Madalena Sá Fernandes Companhia das Letras 2023 | 9789897849596 | 168 pp. A história crua de uma relação tóxica. Uma narrativa que não deixa pedra sobre pedra nos pilares da resiliência de uma criança subjugada ao negro poder do seu padrasto. Leme é o relato da vivência de uma rapariga que assiste, durante anos, à erosão dos pilares que sustentam as ligações humanas: vê a mãe subjugada à violência do homem com quem mantém uma relação amorosa disfuncional; vive na pele a distorção dos papéis desempenhados por pais e filhos; alimenta-se da solidão para ultrapassar um quotidiano de medo e fúria; disputa um lugar só para si no meio do caos familiar; aprende a reconhecer o consolo das pequenas vitórias; e, por fim, reconstrói-se a si e às suas memórias. Nenhuma criança conhece de antemão os nomes das coisas, mas todas as crianças reconhecem instintivamente o perigo. Para a protagonista desta história, o perigo tem o nome de um homem, e é sinónimo…
Maria João Lopo de Carvalho Sibilia Publicações 2023 | 9789895348657 | 352 pp. Elas ousaram ser médicas, advogadas, jornalistas, professoras universitárias, cineastas, intelectuais, numa época em que essas actividades estavam proibidas às mulheres. Desobedecendo aos estereótipos do «feminino», dizendo-se ou não feministas, elas fizeram avançar o mundo. Foram pioneiras, desbravadoras, valentes, ousadas e solidárias. A escritora Maria João Lopo de Carvalho investigou a fundo a vida e a obra de doze extraordinárias portuguesas que fizeram a travessia do século XIX para o século XX e da Monarquia para a República. São elas Maria Amália Vaz de Carvalho, Carolina Michaëlis de Vasconcelos, Angelina Vidal, Adelaide Cabete, Domitila de Carvalho, Ana de Castro Osório, Virgínia de Castro e Almeida, Carolina Beatriz Ângelo, Virgínia Quaresma, Irene Lisboa, Regina Quintanilha e Maria Lamas.
Várias autoras Sibila Publicações 2023 | 9789895348602 «Sendo as autoras aqui representadas nascidas entre 1831 e 1982, ou seja, separadas entre si por mais de um século e meio, e, como tal, apresentando-nos narrativas que se inserem em diversos estilos e sujeitas a diversos dogmas sócio-histórico-culturais, seria expectável que encontrássemos uma variedade temática que representasse a distância temporal entre estas. Surpreendentemente, podemos identificar dois temas constantes em todos os textos, de forma implícita ou explícita: um deles refere-se à incapacidade masculina de corresponder ao amor feminino. O segundo, de certa forma relacionado com o primeiro, aborda a violência e a subjectivação do espaço feminino, seja este físico ou cultural.» Da introdução de Deolinda M. Adão
José Mora Ramos Partenon 2022 | 9789898845368 | 486 pp. O Baú dos Papelinhos de Dona Inácia, Prazeira de Manica é uma revisitação ficcionada da fase final do colonialismo português em Moçambique, através da construção da vida de Inácia, mulher determinada, independente, corajosa, leitora obsessiva de tudo o que podia, assim minimizando o isolamento do mundo em que a colónia vivia. Inácia, mulher muito à frente do seu tempo, nunca poderia ter existido naquele Moçambique, naquele tempo, mas se o pudesse teria sido como a neta, Carolina, a imaginou, ao narrar a sua vida a partir do acervo dos escritos em papelinhos soltos, deitados pela avó, ao longo de cinquenta anos, para dentro do baú de chanfuta. Chegada a Lourenço Marques em 1926, para casar por fotografia, assim procurando fugir à miséria e à vida sem horizontes a que em Portugal estava destinada, Inácia vive os primeiros anos na capital, depois no Xai-Xai, mais tarde em Manica, onde se torna dona de uma…
José António Almeida Não Edições 2021 | 9789895470891 | 140 pp. Depois de A ANGÚSTIA DA AZEITONA ANTES DE SE TRANSFORMAR EM LUZ (reflexões) e de POUCA TINTA (poesia reunida), é editado o livro A VIDA DE HORÁCIO E OUTRAS FICÇÕES, que reúne o trabalho de José António Almeida no campo da ficção. Com este volume completa-se um ciclo de reunião de textos do autor, publicados dispersamente ou em livro, alguns deles fora de circulação e agora devolvidos ao leitor. A VIDA DE HORÁCIO E OUTRAS FICÇÕES inclui um texto inédito que lhe serve de prefácio, "Magnólias, alfinetes e agulhas", e conta com capa de Luís Henriques.
José Miguel Gervásio Língua Morta 2022 | 224 pp. "Os monstros que me acompanham lancei-os numa especial pista de dança, libertando-me da singularidade do seu peso na medida em que lhes dei uma voz para que sentissem tudo, tudinho em volta. As "Valsas" são delas e deles. Pois que dancem, que pulem, que gritem, que enlouqueçam, que façam amor nos jardins da cidade se assim lhes apetecer. No final tudo acaba bem, abraçados os mortos aos vivos a cantar."
Gonçalo M. Tavares Bertrand Editora 2022 | 9789722535717 O Diabo, pela mão de Gonçalo M. Tavares, vem juntar-se ao mundo literário das Mitologias, um universo habitado por personagens que se movem num tempo e espaço indeterminados onde o referencial é aquilo que nos vai sendo contado. Aqui a verdade científica e a sua lógica pouco importam. Dotados dessa ampla liberdade, os leitores deambulam entre narrativas fantásticas que tanto actualizam explicações para um mundo em que vivemos como retratam traços marcantes da natureza humana que o habita. É um espaço imaginário onde, entre muitos outros, se entrecruzam o diabo, a escola, os corvos e o trator, as palas com todas as suas limitações e virtualidades, o cemitério de aviões e a loucura, os direitos dos homens, o Grande-Armazém, o Povo-Armazenado, os três fios vermelhos, os Doze-Apóstolos, a canalização, os piolhos, o crânio de Olga, os nomes, Paris, os Nómadas, o Comboio e os Meninos, o Homem-que-Quando-Fala-Não-se-Entende-Nada, o crescimento de Alexandre (a linha recta).…
Francisco José Viegas Porto Editora 2022 | 9789720034700 | 336 pp. Ao longo de um ano, entre um encontro literário na Póvoa de Varzim e o início da pandemia, ninguém soube do paradeiro de Cristina Pinho Ferraz, escritora extravagante, premiada e temida. Até que, nos jardins românticos do Palácio de Cristal, no Porto, a coberto da copa das árvores, apareceu um corpo enterrado sob a terra, dividido em várias partes. Porém, a nova investigação do inspetor Jaime Ramos (que entretanto fora substituído na divisão de homicídios) não começa com a descoberta desse cadáver; pelo contrário, obriga-o a recuar no passado, a ouvir testemunhos sobre vaidade, vingança, literatura e ambição, e também histórias de família ou de amor e melancolia. Enquanto o confinamento se espalha sobre vivos e desaparecidos, Jaime Ramos reconstitui a biografia daquela mulher e a história de uma família e de uma genealogia do poder nas margens da tradição judaica portuense, confrontando-se mais uma vez com as suas obsessões: a…