Ana Rita Teodoro e Joana Levi Sistema Solar 2022 | 9789898833891 | 204 pp. Delirar a Anatomia reestuda as partes do corpo, acumulando e entrelaçando visões díspares — poéticas exageradas, simplistas, descabidas, ignorantes e eruditas — para conceber um corpo que dança. Propõe um estudo que isola as diferentes partes (boca, pele, coração, joelho, esfenoide, nuca, intestinos, etc.) para tentar ver o corpo não como um todo — máquina útil —, mas como um ser de diversos, composto de plurissistemas. Para desviar o foco do eu-corpo-todo-potente ou do eu-corpo-que-me-mata, talvez se possa propor um corpo-plural composto de diversas potências. […] Quando comecei a dançar, no início da década de 2000, o pensamento de Antonin Artaud e especificamente o texto «Corpo sem órgãos» desenvolvido por Deleuze e Guattari em Mil Planaltos estavam em voga no contexto da dança contemporânea. Coreógrafos, críticos e bailarinos evocavam constantemente este texto para atualizar (e por vezes justificar) os corpos presentes na dança, corpos que se afastaram da dança clássica e…
Santos Gonçalves e Sousa Bastos Sistema Solar 2022 | 9789898833884 | 144 pp. A reedição conjunta dos livros aqui presentes, «Coisas de Theatro» de Sousa Bastos e «Loisas de Theatro» de Santos Gonçalves, são disto um exemplo e por isso merecem toda a atenção enquanto fontes primárias para uma historiografia da sociedade portuguesa nos seus mais diferentes aspetos, dos costumes às artes performativas e ao pensamento gerado pelo eclodir de formas laborais teatrais. Antecedida por uma contextualização rigorosa da investigadora e escritora Paula Gomes Magalhães, a quem agradecemos a autorização para publicação do capítulo «Escritos de teatro: práticas, saberes e recordações» do livro Sousa Bastos da sua autoria, encontramos na polémica dos dois autores uma proto-sinédoque do que descrevemos. E, pelo meio, vamo-nos deleitando e rindo com o próprio «meio» artístico. Editar estes dois livros, além de uma missão historiográfica em torno do património performativo, é um convite a uma viagem pelo passado e pelo presente (e uma certa ideia de futuro), tempos em…
Inez Teixeira Documenta 2022 | 9789895680092 | 192 pp. Este livro foi publicado por ocasião da exposição «DEGELO — Desenho 1989-2021», de Inez Teixeira, com curadoria de Nuno Faria, realizada na Fundação Carmona e Costa, de 19 de Fevereiro a 21 de Maio de 2022. A produção em desenho de Inez Teixeira tem permanecido na sombra de um percurso cuja face visível e reconhecível é a pintura. E é, eloquentemente, da sombra que este amplo, diverso e desconcertante conjunto de desenhos desponta para revelar uma particular sensibilidade à emergência da imagem como negativo, decalque, vestígio. Desenho, desenhar, entendidos em sentido amplo, como campo de imanência e de experiência sensível do mundo. A prática do desenho não tanto como exercício autoral mas como indagação interior, como campo de possibilidades, como ritual meditativo. O conjunto de desenhos reunidos na exposição «Degelo», realizados durante um extenso período de tempo, inédito na sua quase integralidade, revela um programa de pesquisa livre de constrangimentos formais e um…
Pedro Valdez Cardoso Documenta 2022 | 9789898833846 | 280 pp. O que realmente interessa a PVC é aquilo que está nas entrelinhas, o que não se lê ou diz mas é demasiado perceptível. Interessam-lhe os mecanismos de controlo, as relações de poder, a subjugação permanente, ainda que subversiva, do outro. O efeito de paralaxe em que frequentemente vivem as suas peças é a pedra-de-toque de um discurso que se constrói sobre uma lógica de intervalo, de lacuna e de antecipação — o pré-conceito como dispositivo. Interessa-lhe, basicamente, a forma de contar, a história e os elementos no seu interior, por esta ordem. O que parece estar sempre em cena, ou em causa, é o corpo, em rigor o único barómetro mensurável, o único lugar comum e último reduto da individualidade e da diferença — o lugar de todas as formas de dominação. A natureza, a animalidade, a caça, a guerra, são, finalmente, formas de (des)figuração de um medo original, de uma dobra…
Pedro Calapez Documenta 2021 | 9789898833778 | 160 pp. Este livro foi publicado por ocasião da exposição «Perto da Margem», de Pedro Calapez, com curadoria de João Pinharanda, realizada na Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva (de 7 de Outubro de 2021 a 16 de Janeiro de 2022) em parceria com a Fundação Carmona e Costa. Depois da margem fica o abismo para onde corremos ou onde corre já a água que nos afogará depois da queda. Os sucessivos capítulos de que esta exposição se compõe deixam-nos à beira de vários perigos e abrem-nos o caminho para o precipício dos sentidos, se o quisermos tomar: entre o corpo e a queda, entre o olhar e a cegueira. Pedro Calapez encontra o título da sua exposição, «Perto da Margem», nas palavras de uma canção dos Yes, «Close to the Edge», que cita nas suas notas de trabalho: «Down at the end, round by the corner / Close to the edge, just by…
Vários Autores Documenta 2022 | 9789899006669 | 204 pp. O leitor curioso em conhecer a resposta de Phyllida Barlow, artista britânica e ex-professora na Slade School of Fine Art, poderá passar directamente para a página 35. Contudo, e porque — pese embora o tom assertivo deste livro — temos agora mais dúvidas sobre o ensino da arte do que quando o começámos a escrever, pareceu-nos importante sublinhar dois aspectos: o de que a arte não se ensina e o de que, ainda assim, é possível a um aluno aprender algo numa escola de artes. A natureza deste algo é difícil de especificar, dado que ninguém parece saber exactamente como se devem ensinar os artistas, sendo complicado encontrar regras predefinidas ou técnicas que se perpetuem ao longo dos anos (até porque o facto de uma escola de artes ter desempenhado um papel importante num dado tempo raramente significa que o mantenha). Todavia, à medida que fomos lendo e conversando com artistas, percebemos que existe um…
Maria José Cavaco Documenta 2021 | 9789898833839 | 192 pp. Este livro foi publicado por ocasião da exposição «Lugares de Fractura», de Maria José Cavaco, com curadoria de João Mourão, realizada no Arquipélago — Centro de Artes Contemporâneas de 10 de Julho a 28 de Novembro de 2021. Foi precisamente a pensar no lugar da exposição enquanto campo de possibilidade de nos relacionarmos com um objecto artístico que o título também me fez sentido. Sempre associei a ideia de fractura, também pensada enquanto rompimento, ao «museu», ou melhor, à exposição. [João Mourão] Viajar sem sair do mesmo lugar: sem sair da ilha porque tudo está aferido a ela. A obra de Maria José Cavaco é essa extraordinária celebração da ilha em que vive e, ao mesmo tempo, a tácita e melancólica aceitação do seu aprisionamento nela. Nesse sentido, cada viagem para fora é apenas uma alvoraçada e eufórica viagem dentro dela, exactamente como quando viajamos num baloiço ou numa roda de feira…
Vários Autores Documenta 2021 | 9789898833785 | 176 pp. A raia na água. Eduardo Lourenço e o mundo hispânico reúne uma dúzia de textos, da autoria de vários especialistas internacionais, que têm em comum o pensamento de Eduardo Lourenço e as suas múltiplas relações com o chamado mundo hispânico. Mesmo que se possa dizer que a temática ibérica não é um dos tópicos principais do ensaísmo de Eduardo Lourenço, a verdade é que, desde cedo, ela atravessa alguns dos seus textos publicados. […] Nascido em São Pedro do Rio Seco, pequena aldeia situada no concelho limítrofe de Almeida, rapidamente Eduardo Lourenço tomou consciência da proximidade geográfica e cultural entre Portugal e Espanha. […] A vida de Eduardo Lourenço, assim, começa cedo a estar polvilhada por um conjunto notável de relações ou vínculos de diferente natureza com o país vizinho e a sua cultura. Entre elas, destaca- se a importância que teve na vida do ensaísta um acontecimento especialmente marcante, ocorrido já na altura…
Vários Documenta 2021 | 9789898833853 | 280 pp. A exposição «O desenho impreciso de cada rosto humano, reflectido! Retratos de Júlio Pomar», com curadoria de Sara Antónia Matos e Pedro Faro, incide sobre o modo como Júlio Pomar pensou o género artístico do retrato ao longo dos mais de setenta anos que compõem a carreira do pintor. A exposição procurou assim reunir retratos de diversas fases de criação, desde o neo-realismo, na década de 1940, até 2018, ano em que morreu. Não sendo possível mostrar, numa só exposição, no espaço do Atelier-Museu, todos os trabalhos realizados neste domínio por Júlio Pomar, procurou seleccionar-se retratos que marcaram a passagem entre «fases» e retratos menos vistos, menos icónicos, por serem abordagens prévias, ou até estudos das obras mais conhecidas. Desse modo, conseguiu abranger-se um maior número de personalidades. […] Houve ainda outro critério que orientou a selecção de obras para a exposição e que, salvo raras excepções, quando isso não prejudicou a relação indissociável entre pintura e desenho, passou por não repetir retratos…
Marion Fayolle Orfeu Negro 2019 | 9789898327567 | 64 pp. MAROTICES, um conjunto de desenhos oníricos e eróticos de Marion Fayolle, explora com humor e estranheza as múltiplas possibilidades de ligação amorosa entre homens e mulheres. Perspicaz, intenso e divertido, este livro combina humor com filosofia, para nos oferecer uma obra de poesia imagética, abundante em metáforas e silêncios narrativos. Mil malícias visuais que ficam a retinir na nossa imaginação e prometem libertar libidos e sorrisos.
Aby Warburg KKYM 2011 | 9789899768420 | 128 pp. A primeira obra de Aby Warburg que se apresenta em português é também o seu primeiro estudo, dedicado a duas pinturas de Botticelli, o Nascimento de Vénus e a Primavera. A escolha destas duas obras do Renascimento correspondeu, no ambiente intelectual e cultural de finais do século XIX, a uma intenção polémica dirigida contra as concepções estetizantes, em grande parte inspiradas pela arte pré-rafaelita e pelo gosto dominante da época. O desafio de Warburg reconhece-se no modo como constrói uma inédita proposta interpretativa, perseguindo o fio e a meada das relações existentes entre as obras e as fontes literárias e artísticas da Antiguidade (Ovídio, Claudiano, um krater, um fragmento da arte tumular romana, entre outras), as artes, poética e figurativa, do Renascimento (Poliziano, Agostino di Duccio, Donatello), temas que são objecto de elaboração teórica (a representação do movimento, como Alberti recomenda) e, ainda, aspectos da vida coeva às obras, numa importante alusão a…
Didi-Huberman KKYM 2015 | 9789899892477 | 70 pp. ÍNDICE 1. Uma criança chora. Dois gestos filosóficos: a admiração (ponto de exclamação) e o questionamento (ponto de interrogação). Emoção como ato «primitivo» (Darwin): os que choram são os animais, as crianças, as mulheres, os loucos e as «raças que têm pouca relação com os europeus». Podemos não estar de acordo. A filosofia como campo de batalha. Interrogar, confiar, tomar posição. O ser comovido expõe-se, expõe a sua impotência. Ridículo e «patético». O pathos «passivo»: a emoção como impasse da acção, da razão e da linguagem (Aristóteles e Kant). A paixão como «privilégio» do vivo e «fonte» da arte (Hegel, Nietzsche). A emoção como abertura ao mundo, movimento para fora de si (Sartre, Mearleau-Ponty, Freud). A emoção não diz «eu» (Deleuze). O inconsciente e a sociedade para lá do «eu» individual. Gestos mais antigos do que nós próprios (Marcel Mauss). As imagens cristalizam esses gestos, transmitem-nos e transformam-nos (Warburg). As emoções como transformações: do…
Jacques Rancière KKYM 2019 | 9789895466009 | 71 pp. Estética e Política. A Partilha do Sensível, com entrevista e glossário por Gabriel Rockhill trad. V. Brito, Lisboa, KKYM, 2020 (2ª ed. revista)
Jacques Rancière KKYM 2019 | 9789895407095 | 151 pp. Se, na idade moderna, a sociologia, a ciência política e outras formas de conhecimento tomaram para si a razão ficcional aristotélica, produzindo narrativas com começo, meio e fim, invertendo ao final as expectativas, a ficção moderna trilhou o caminho contrário e instaurou no centro da literatura aquilo que sempre esteve nas suas beiradas — os acontecimentos triviais, os seres humanos comuns e o momento qualquer que pode condensar uma vida inteira. Nos doze ensaios de As margens da ficção, Jacques Rancière, um dos principais nomes da filosofia francesa contemporânea, acompanha esse processo revolucionário inicialmente nas obras de Stendhal, Balzac, Flaubert, Proust e Rilke, passa pelas técnicas narrativas em O capital de Karl Marx, até chegar nos romances de Conrad, Sebald, Faulkner e Virginia Woolf, fechando com uma inspirada análise das Primeiras estórias de Guimarães Rosa.
Victor I. Stoichita KKYM 2016 | 9789899939363 | 256 PP. Neste ensaio, Victor I. Stoichita segue o percurso de um tema central da cultura visual do ocidente e um dos desafios técnicos e simbólicos mais persistentes da história da arte e das imagens: a representação e o significado das sombras.
Shlomo Sand KKYM 2020 | 9789895466030 | 310 pp. Como a Terra de Israel foi Inventada. Da Terra Santa à pátria-mãe Sholomo Sand tradução: A. Morão edição: KKYM 2020
Dimitris Dimitriádis Artistas Unidos 2022 | 9789895313044 | 166 pp. Dimitriádis de regresso aos mitos gregos: longas tiradas de Sócrates, Lycáon, Tântalo, Télefo... e o desejo, essa força que nos move e nos mata. São pequeníssimos textos;Dimitriádis não quer voltar a falar do passado, quer questionar o presente: quem é agora Narciso? Quem é agora Tântalo? Que desejo (porque é disso que se trata), se imiscui no meio destas personagens desabrigadas, nuas, tristes?
Guilhermino Monteiro, José Mário Branco, João Loio, Octávio Fonseca Associação José Afonso 2022 | 9789893324516 | 351 pp. O livro «José Afonso – Todas as Canções», obra imprescindível da autoria de Guilhermino Monteiro, José Mário Branco, João Lóio e Octávio Fonseca, reúne as partituras, letras e diagramas de acordes de 159 canções de José Afonso. Depois de em 2010 ter sido dado à estampa pela “Assírio & Alvim”, onde teve duas edições, volta agora a estar disponível com edição / distribuição da Associação José Afonso.
Tiago Miranda Edições do Saguão 2013 | 978-989-98114-3-0 | 58 pp. Poema: Rui Miguel Ribeiro «Tentei começar por registar algo que não existe, a ténue linha de uma majestosa elegância a qual todos nós, com uma convicção inabalável, chamamos e aclamamos horizonte. Não existe, nunca existirá e caso consigamos lá chegar, só encontraremos outra, inalcançável. Talvez por isto sejamos todos atraídos pela linha infinita do mar. Porque ser capaz de ver o que não existe é um acto quase milagroso.» Capa e Paginação: Eduardo Brito
Jorge Bacelar Centro Atlântico 2021 | 9789896152345 | 32 pp. O novo livro de fotografia do melhor e mais premiado retratista da ruralidade portuguesa, com uma fotografia assinada.